terça-feira, 1 de junho de 2010

Brazil

The subprime crisis was hitting the United States as a tsunami but just “marolinhas” (small little waves) were showing up in here. The Piigs were scaring Europe, but Brazil was creating the biggest barbecue of the world with the biggest beer company (AB Imbev) and the biggest meat company (JBS-Bertin) consolidated by Brazilian leaders.

Who could´ve imagined, yeas ago, that a president emerged from our lowest self-esteem would be among the international leaders and a potential candidate for the  Nobel prize ?

If, economically speaking, the world is driving through accidental and unknown roads, having already used its only spare tire, Brazil is showing incredible off-road abilities. Never our economy was so healthy.

The world is getting just like Brazil. We are experts with the unpredictable. We have always been like that. In this kind of scenario that seems scary for the rest of the world, we know as well as the environment of a soccer game.

Domenico de Masi, has launched in the end of the last decade the concept of the creative idleness, expression that originated his book. According to the sociologist concepts, it is possible to achieve a level of activities that involves fun, work and study at the same time.

The writer gives complements to the Brazilian stile of life that maintain good equilibrium between work and fun.

We have a healthy irreverence the makes us think “out of the box”, desirable in times like these. Our flexibility to adapt ourselves to rapidly scenario changes and the guts to take risks, other than a high capacity to built durable relationships are some of the characteristics that are making the Brazilian executives wanted in the real corporate scenario.

Among the Brazilian characteristics, is the constant leadership regarding the internet usage, with more than 48 hours monthly among the 70 million plus web users that deal with a limited accessibility on broad band connection.

Some companies still limited the internet access to its employees try to stop a river with exponential growth. Is there enough bricks and mortar or is this our wave?

Yes, there are waves in rivers. Guess from who is the time record of staying in a single wave in a river? Brazilian from Parana at a “pororoca”, Amazon

Is Internet competing with the productive and creative time of the people at their jobs or is it becoming the right environment for what the sociologist has called activities that involve fun, work and study at the same time, enhancing the best of us, Brazilians?

Maybe we are entering in the time where the motivational attachment (our best field) finally prevails over the employment attachment. It will not survive to the Brazilian samba if the first one does not exist. At the end of the day what really matters is the capacity of a project, brand, company, community or a product or service stimulate our passion in work, communicate, help, share, criticize or consume – actions presents in the web platform anywhere in the world, anytime at any Smartphone, iPad, Tv´s or even PCs.

We have to bring Brazil to leadership, world´s expert in passion and irreverence, what turns the web (and the world) from oppressive to liberating, from dispersive to productive, from independent to interdependent. The world entrepreneurship demands imagination, our imagination.

We are also the Brazilians who put passion in everything and think big other than the ones that never give up. The world already knows that.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

E se...

Não precisamos ser tão radicais como Philip Kotler, guru do marketing moderno, quando diz que a mídia de massa morreu, mas conversar diretamente com seu público alvo pode fazer bem para a saúde das empresas, principalmente num cenário pós-crise onde eficiência parece ser sinônimo de sobrevivência.




A indústria automobilística no Brasil representa 20% do PIB. Até 2011 deveremos ter cerca de 20 montadoras aqui instaladas, já figuramos entre os 5 maiores do mercado mundial (passamos a Alemanha no primeiro bimestre de 2010) e continuamos um dos primeiros em potencial de crescimento. As taxas de juros (supostamente) decrescentes, a idade da frota (em média 10 anos) e número de habitantes por automóvel (8 contra 1,3 nos EUA e 5,5 na Argentina por exemplo) são os principais fatores que sustentam esta liderança. Em 2007 e 2008 voltamos aos volumes anuais de mais de 2 milhões de carros novos registrados em 1997, em 2009 passamos dos 3 milhões, e em 2010 já se projeta crescimento de 10%.



Este cenário justifica intenso investimento de marketing dos principais agentes do segmento, em busca de fatias generosas da pizza em fermentação e, provoca alguns efeitos colaterais. Um dos principais é a redução de margens que, põe em cheque as formas tradicionais de divulgação de marcas e produtos com altos custos e índices de dispersão.



Circulam atualmente no Brasil cerca de 26 milhões de automóveis e comerciais leves, frota que deve chegar a 30 milhões até 2011, 16% da população, alvo dos gigantes do setor.

Este alvo pode ser dividido em três "áreas". Na parte externa, 25% de proprietários com carros de mais de 15 anos, 40% entre 6 e 15 anos.

No centro do alvo, 36% ou 9,3 milhões proprietários de modelos com até 5 anos, consumidores com maior poder de compra e maior freqüência de troca.



Como justificar investimento na mídia de massa para conversar com 16% da população?

Como impactar os 16% que interessam sem que o custo para tanto não acabe justificando a resposta da pergunta anterior?



O ideal seria criar uma comunidade qualificada. 75% desta comunidade seria composta por consumidores "do alvo" ou, 1,3 habitantes por veículo , a mesma qualificação do mercado nos EUA, segundo maior do mundo. O centro do alvo seria duas vezes maior para não exigir tanto da pontaria. 70% de proprietários de carros com até cinco anos.



Esta comunidade estaria conectada em rede. Nesta rede não existiriam formatos padrão que limitasse a comunicação de marcas e produtos, em tempo (30 segundos ou 2 minutos) ou, gráfico (meia ou uma página). Não haveria limites para o volume de informação ou detalhes dos produtos inclusive em vídeo.



Por outro lado, os consumidores desta comunidade se comportariam de maneira pró-ativa e investigativa, não passivamente. A comunicação de marca e produto teria que ter pertinência e relevância. O impacto da comunicação seria gerado a partir da iniciativa do consumidor 24 horas por dia 7 dias por semana.



Vale ressaltar que o terreno seria "virgem", muito pouco explorado. A exploração seria incipiente justamente pelo fato dos padrões atuais atrapalharem a visão do real potencial criado.



Nesta rede, cada membro da comunidade poderia ser abordado de forma personalizada e customizada, oportunamente, de acordo com o momento em que se encontra no ciclo contínuo de compra venda e manutenção de seu bem mais estimado: o carro.



Um pouco de escala é desejável. Esta comunidade representaria quase 40% da população brasileira, justamente a parcela mais economicamente ativa e cresceria em ritmos frenéticos.



E se...



...esta comunidade já existisse.



Bem vindo a Internet. Bem vindo ao iCarros.

Nova Lei da Sobrevivência


Lançada em 1926, e considerada por muito tempo símbolo dos carros esportivos nos EUA e umas das principais marcas da GM , a Pontiac fez seu desfile de despedida neste último dia 3 de maio. Com menos de 2% do mercado americano, batizada como o nome da cidade cede no estado de Michigan em homenagem a um chefe indígena do século XVII, todos os modelos deverão ter deixado as concessionárias até o fim de 2010.


Enquanto isso na sede da Hyundai nos EUA, os coreanos comemoram 4,7% de aumento das vendas em Janeiro em comparação ao mesmo período do ano passado com a implantação de uma campanha que garante o pagamento de prestações caso o consumidor perca o emprego, copiada agora, tardiamente pelas gigantes cambaleantes GM e Ford.

Desde então a montadora coreana foi a que mais ganhou participação no mercado líder mundial em queda livre de 40% no primeiro trimestre do ano em relação ao mesmo período do ano passado.

Do outro lado do mundo, na China, segundo mercado mundial, a mesma montadora teve aumento de 17% nas vendas em Janeiro enquanto o mercado Chinês encolheu 11%.

Qual a razão do sucesso? Qual o valor entregue ao consumidor?

Sua estratégia parece ser relativamente simples e não apenas reflexo de uma boa campanha de propaganda: Lançamentos mais freqüentes de produtos de boa qualidade e desempenho a preços mais baixos que a concorrência.

No Brasil, ela lançou pelo menos um produto a cada 6 meses nos últimos dois anos e pretende lançar outros 6 até 2011.

A estratégia sugere ser viável já que a Hyundai ganha dinheiro enquanto quase todos seus pares registram prejuízo. No primeiro trimestre do ano a montadora registrou lucro de 166,5 milhões de dólares, acima do previsto pelos analistas que, ao lado do anúncio do aumento de quase 5% na participação global da montadora, fizeram as ações da companhia dispararem.

Mas esta estratégia não é inovadora. Ela já esta presente na indústria digital desde o seu nascimento. Os lançamentos de parafernálias digitais que vão além do computador, mas representam a computação, tem uma freqüência desproporcional se comparada à indústria automotiva e entrega ao consumidor cada vez mais produtos e serviços por cada vez menor preço.

Um iPhone, além de telefone ele é máquina fotográfica, vitrola, porta CD ou MP3, GPS, guia de ruas e computador com acesso a web e tudo que ela proporciona como troca de mails ou mesmo para decidir que carro comprar e onde está o menor preço. Há 20 anos, estes produtos ou serviços, se disponíveis, custariam muito mais e só caberiam em um bom porta-malas. Hoje cabem num pequeno porta- trecos de um carro não muito diferente daquele de 20 anos atrás.

Esta evolução formidável foi possível graças, principalmente, aos custos decrescentes das capacidades de transmissão, armazenamento e processamento de dados, cunhada de lei de Moore (aumento de 100% de capacidade de processamento a cada 18 meses). Mas uma coisa são as capacidades instaladas e desenvolvidas, outra coisa é empreender ou transformá-las em valor nas cadeias estabelecidas e fazer as pessoas pagarem pelos serviços, o que remete a outra lei, a mais antiga de todas: a lei da sobrevivência.


A nova lei da sobrevivência empresarial sugere novas formas de empreendedorismo, agilidade e desprendimento que definem o equilíbrio dinâmico da nova indústria digital em beta permanente ou em constante destruição criativa.

Desde a criação da Microsoft em 1975 (que já se demonstra afetada pela idade) até o Google, passando pelo próprio Steve Jobs que se reinventou, voltando a dirigir a empresa que tinha criado, mas que o tinha despedido, esta indústria já criou e destruiu centenas de produtos, serviços e modelos de negócios diferentes.

A crise mundial iniciada no final do ano passado parece sugerir que a dinâmica do mercado digital esta mais adequada aos novos tempos de eficácia e produtividade e que a indústria automotiva mundial terá seus momentos de destruição criativa e que talvez os velhos processos de consolidação ou estatização não sejam suficientes. Há cinco anos quem imaginaria ser viável produzir um carro de U$ 2.500,00 como o Nano da Tata Motors?

No final das contas, se as oportunidades, capacidades instaladas, conectividade do seu cliente ou, seja lá o que for estão aí disponíveis e você não as estiver aproveitando ao máximo, alguém fará no seu lugar não importa em que indústria ou parte da cadeia você esteja estabelecido.

quarta-feira, 11 de junho de 2008

Em quem confiamos?



A mais recente pesquisa global do instituto Nielsen, publicada em outubro passado, sobre a credibilidade da propaganda diz que, no final das contas, em nós mesmos.



78% dos entrevistados dizem acreditar mais nas recomendações de seus pares do que 63% dos jornais e 56% de TV’s e revistas.


Outra pesquisa com americanos entre 24 e 35 anos, publicada pela Edelman Trust Barometer, agência londrina que realiza estudos sobre credibilidade de instituições, coloca em último lugar com 22% (dos que respondentes consideram extremamente confiável ou muito confiável) propagandas de produtos ou empresas.




Em busca da credibilidade perdida, e de carona no próximo, a propaganda faz agora filmes comerciais com “gente de verdade”. Parecer natural está ultrapassado. Têm que ser natural de verdade. O branco do OMO deu lugar ao verde sustentável do Real.



O Big Brother nos ensinou que agora na mídia vale mais a imperfeição do real de verdade do que a perfeição do real de mentira.



Na Internet não é diferente. O real de verdade do You Tube é mais popular que o real de mentira. Os banners são os penúltimos da lista da Nielsen com 26% de credibilidade.



O que a web traz de diferente é que pela primeira vez na história estamos diante de uma mídia de massa onde muitos interagem com muitos, imbatível para que exerçamos o ato de trocar recomendações.



A grande rede parece mais propícia aos ambientes independentes e legítimos ou a legitimação de ambientes mais transparentes. São numerosas e populares as comunidades independentes que, não raro, organizam-se com recomendações de produtos, serviços ou empresas.



As comunidades artificiais ficam as moscas e manipular os verbetes da Wikipedia (em segundo lugar no Trust Barometer, com 55%) fica feio para quem faz. Velhas práticas em novos ambientes podem fazer mal a saúde de uma marca, adverte-se.



E aí? Como eu faço para divulgar minha empresa neste novo cenário?



Se você acha que o sucesso de seu produto ou serviço depende mais de campanhas milionárias com belas sacadas publicitárias, nem sempre próximas do valor que o produto gera na cadeia, talvez você precise rever seus conceitos.



Identificar precisamente quem são as pessoas para as quais seus produtos ou serviços fazem realmente a diferença e incentivá-los a recomendar (a web parece boa para isso) soa mais eficiente. Focar no cliente (de verdade) não parece ser uma grande novidade.



Uma coisa é certa. Nunca foram tão abundantes as ferramentas de recomendação (leia-se a penetração da web em todas as camadas sociais).



Alguém está, neste momento, escrevendo alguma coisa sobre sua empresa ou produto. E estamos falando do real de verdade.

segunda-feira, 12 de maio de 2008

Da onde veio o mundo?


Há algum tempo meu filho André de 4 anos me faz esta pergunta. Outras tão profundas e desconcertantes vêm juntas. Da onde vem a gente? Por que o mundo é assim?


Tenho alternado (dependendo da energia do momento) respostas simples e evasivas ou profundas e técnicas como a teoria do Big Bang. Foi Deus que criou o mundo (esta é a mais fácil).

Da onde veio Deus? (opa!)

Puxa, pensei. São as perguntas mais básicas de todas. As principais para quem acabou de chegar ao mundo e a descobrir as coisas.É como começar a trabalhar em uma empresa e perguntar o que ela produz ou vende ou como entrar em um trem e perguntar de onde ele vem e, para onde ele vai.


E, eu nesta “empresa”, neste “trem” , sem poder responder para meu novo colega quem somos, ou de onde viemos.

Eu admiti ao meu filho: Não sei.

Cada hora um tipo de reposta faz sentido para o papai. Depende da idade e do momento de vida. Me ocorreu que já fazia algum tempo que não pensava sobre o assunto.

Pedi então para o André que me prometesse: Nunca, pare de se perguntar estas coisas.

Mas, de onde virão as respostas mais importantes?


Do seu professorzinho. Ele fica ai dentro do seu peito. Ele sabe mais que o Papai e que todos os professores e cientistas do mundo reunidos.

terça-feira, 13 de novembro de 2007

Destruição Criativa


O termo está no livro A Era da Turbulência de Alan Greespan. O autor o define como o sucateamento das velhas tecnologias e das velhas maneiras de fazer as coisas para ceder espaço ao novo.


O livro explora também o paradoxo entre a dinâmica do capitalismo e sua intransigente competição de mercado e o anseio humano por estabilidade e certeza.


No final das contas vencem os indivíduos, empresas e países que conseguiram criar ambientes de liberdade econômica com maior escopo para o risco do negócio e sua recompensa, o lucro e, portanto também maior propensão para assumir riscos.


Vencem as instituições que conseguem criar ambientes de instabilidade e incerteza ?


Parece que o maior inimigo de nossa evolução como seres humanos, famílias, empresas ou países é o conforto e a acomodação. Mas, no fundo, não é que o que buscamos? (um bom emprego, um bom salário e uma boa casa?)


É emblemático o exemplo do minúsculo São Tomé e Príncipe, na costa ocidental da África, que ao descobrir grandes reservas de petróleo em suas águas territoriais, tenha manifestado reação contraditória sobre sua exploração. As estatísticas mostram que os países em desenvolvimento ricos em recursos apresentam desempenho muito pior que os pobres em recursos em termos de crescimento do PIB. Ambientes de facilidades e abundância são menos propensos a invenções, reinvenções ou criações. Não seria o caso da nossa Brasília?


No Brasil, apesar da infra-estrutura da época da velha maneira de fazer as coisas, uma empresa aérea com apenas 5 anos de vida, construída do zero, usando as novas ferramentas de eficiência do mundo conectado, comprou outra que não conseguia se livrar da velha maneira de fazer as coisas ou, do ambiente de conforto e acomodação ou, do não compromisso de reinventar-se em novo cenário. (mais difícil que construir do zero?)


O mesmo Alan Greespan foi autor do termo Exuberância Irracional, com o estouro da bolha de tecnologia na virada do século. Eu definiria o momento seguinte como Rejeição Confortável, ou a aversão às novas ferramentas de tecnologia, aversão ao novo. Ferramentas que agora se provam necessárias para ganhos de eficiência vitais no processo de destruição criativa das instituições que quiserem vencer na era da turbulência.


No final das contas, as premissas que norteiam nossa forma de agir como indivíduo, família, empresa ou país estão em grande transformação. Devemos ser capazes de nos colocar em situações de desconforto para prosperar!!!


O que será que muda em nossa vida como indivíduo o fato de poder checar mensagens a cada 5 minutos? Traz estresse bom ou ruim? É passageiro? E se eu não me adaptar, mas meus pares sim?


O que será que muda poder chegar em casa e jogar golfe com o meu filho por 10 minutos na TV? Ou poder mostrar na Internet o que aconteceria com seus dentes se não os escovar com freqüência?


O que muda em nossas áreas de negócio se 100% de nossos consumidores tiverem acesso freqüente à web em cultura com propensão a interatividade? (Já acontece no mercado automotivo no Brasil hoje com 26 milhões de carros na frota e 50 milhões de usuários com algum tipo de acesso a web)

O que muda em um país 100% plugado em banda larga até 2010, segundo nosso ministro de comunicações Hélio Costa?

No mundo em crescimento exponencial, na era da turbulência, o que puder ser feito, será, por você, para você ou apesar de você.


De novo a questão “tostinesca”: o mundo está prestes a assistir a um salto de produtividade e eficiência porque criou as ferramentas para tanto ou porque simplesmente é necessário para continuarmos existindo?

quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Quem tem Razão


Quem tem razão ?
Um bom amigo estava desolado. Reclamava que não conseguia mais ter razão. Na empresa com o chefe, em casa com a mulher, que com a filha pequena parecia ter mais razão do que nunca.
Planejávamos um novo negócio.
Um ambiente em que as pessoas teriam sempre razão. Casulos distribuídos estrategicamente pela cidade em aeroportos, bares, salas de espera de médicos concorridos ou em táxis.
Neste ambiente em 3D uma voz sensual daria razão para o que quer que você dissesse e uma platéia virtual com pessoas escolhidas por você (sua mulher e seu chefe na primeira fila ), ouviriam suas idéias, considerações ou reclamações atentamente e você sempre, sempre, teria razão, aplaudido e ovacionado. Um espécie de Brasília ou uma espécie de comício do Lula.

O serviço seria enriquecido com o “sparring on line”. Um call center com atendentes dispostos a ouvir todo o tipo de desaforo e desabafo, porque claro, você sempre teria razão. Seria o “your reason never second ... life”.

Mas o final do nosso encontro trouxe uma pergunta. (Por que será que as perguntas são sempre mais legais que as respostas?)Por que ter razão? Quanto tempo e energia perdemos em nosso dia a dia querendo defender nossos pontos de vista, nossas idéias, esperando que as pessoas do outro lado concordem com a gente?

Não. O mais legal é não concordar. O mais legal é a diversidade porque todos os conceitos estão em movimento sempre. Nenhuma razão ou verdade é definitiva ou estática.
Na política, o comunismo achou que tinha razão antes da queda do muro de Berlin e o capitalismo cheio de razão, parece ter que ser capaz de socializar riquezas para progredir. Na geografia a Terra já foi plana um dia. Na ciência até ontem o genoma era “imapeável”.
A vitória hoje vem do bom senso, do senso comum, do que está dando certo para o maior número de pessoas possível naquele momento.
Como num coral de vozes, o melhor som é o do conjunto e nenhuma voz pode destoar. Talvez a democracia ideal.
Comunidades colaborativas pipocam hoje pelo mundo 2.0 como forma de integrar inteligências distantes, distintas e complementares que tenham como objetivo um resultado final melhor e maior do que a soma das habilidades individuais. A Wikipedia, o Linux ou as redes sociais em abundância na Internet.
As grandes empresas já descobriram isto e começam a abrir seus bankers fechados a sete chaves por anos como forma de afastar as forças ocultas do mercado e concorrentes. Idéias em desenvolvimento constante por um grupo heterogêneo com consumidores, fornecedores, colaboradores, especialistas parece gerar um processo com mais valor que um produto entrincheirado.
A Procter and Gamble definiu como objetivo ter em 2010, pelo menos 50% das idéias de novos produtos oriundas de fora da companhia.
Os verdadeiros líderes estarão mais para os que sugerem músicas (objetivos comuns) que reúnam o maior número de vozes ou para os que gritam abafando outras vozes ?

segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Economia da Relevância


Publicado no jornal Meio e Mensagem

Silêncio! Respire fundo. Está percebendo? Há neste exato momento uma guerra enlouquecida, enfurecida por sua atenção.

É uma guerra em transformação. Um novo cenário tornará as batalhas mais limpas, menos grosseiras. Você, o consumidor está aprendendo rápido a tornar sua atenção invisível aos radares tradicionais dos “inimigos”.

Estamos cada vez mais preparados para isolar, filtrar, repudiar o que não for importante para nós naquele momento. As novas tecnologias, interfaces, gadgets, softwares, plataformas e comunidades plugadas – ou como quiserem chamar –, as ferramentas e os efeitos colaterais da web 2.0 começam a funcionar como filtros de relevância.

A relevância traz duas dimensões principais: uma demográfica e outra de interesse. O interesse está ligado ao momento de determinado perfil demográfico. O que não era relevante para mim, ontem, pode ser hoje.

Um artigo sobre a influência da alimentação balanceada no crescimento de crianças de até 5 anos pode ser importante para as mães com crianças dessa idade. Se naquele momento alguma delas tiver com um filho com alimentação irregular, o tema passa a ser relevante. Aquela mãe desejará aprofundar-se o mais rapidamente possível no assunto. Onde leio sobre o assunto? Pode gerar alguma doença? Devo procurar um médico? Há outros pais com essa inquietação?

Na economia da relevância, não basta apenas localizar o público-alvo, treinado para neutralizar a busca por sua atenção. Nesta nova economia, saem na frente as organizações que forem mais eficientes em tornar disponíveis informações, produtos ou serviços para o público no momento em que se tornarem relevantes.

Nesse cenário, transparência, comunicação e integração são fundamentais. O diferencial competitivo vai estar nas empresas que conseguirem trazer o consumidor para mais perto, a fim de participar de sua cadeia de valor de forma legítima, regular e constante.

Na economia da relevância, vale o “beta permanente”. Vale mais o processo que o produto. O processo contínuo de criação e aperfeiçoamento de produtos e serviços com o envolvimento dos consumidores passa a ser mais importante que os produtos e os serviços em si.

O internet banking no Brasil é um exemplo. Estamos integrados à cadeia de distribuição de produtos e serviços dos bancos. Não há intermediários. Além do ganho óbvio em produtividade e economia de custos, há um sistema contínuo de feedback sobre a qualidade dos serviços e sobre o que é relevante para os clientes.

Imagine então outras indústrias de posse de informações em tempo real de quem estiver consumindo seus produtos num determinado momento, com a possibilidade de interferir ou comunicar-se com essas pessoas instantaneamente.

A mesma web que traz os filtros de atenção para o consumidor de um lado representa um cenário inédito de integração com as instituições de outro, desde que estas gerem valor legítimo. Não adianta ter uma fantástica presença na web, se as empresas não tiverem cultura ou processos para conviver com as opiniões de seus clientes de forma contínua.

Os 50 milhões de usuários da internet no Brasil, segundo pesquisa DataFolha, que anunciam carros nos classificados eletrônicos, pesquisam hotéis para viajar, cadastram o nascimento de um filho para receber dicas sobre as fases importantes do crescimento ou participam de outras centenas de comunidades de afinidade registram os assuntos relevantes naquele momento. Dessa forma, sinalizam quais assuntos ou informações terão mais chances de conquistar sua concorrida atenção naquele instante.

As empresas que estiverem mais próximas desses clientes, com produtos e serviços alinhados e integrados com a relevância apresentada, vão inaugurar um cenário de eficiência inédito em suas cadeias de negócios: o cenário da economia da relevância.

A guerra agora é sutil. Os alvos movem-se com muita rapidez. Tiros de canhão cairão em terrenos cada vez mais áridos. Na era da sustentabilidade, a eficiência na aplicação de recursos faz toda a diferença. Fazer branding está ficando obsoleto.

segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Economia Espiritual


Somos maestros de nossa existência.

É uma das melhores metáforas que encontrei sobre a vida. Ela está no livro de Stephen Covey, Os Sete Hábitos Das Pessoas Muito Eficazes.O autor compara nossa jornada ao ato de reger uma orquestra. A orquestra da música da nossa vida.

Cada instrumento equivale a um papel que desempenhamos como pai, filho, avô, namorado (sempre, mesmo casado), amigo, inimigo (o momento de encarar quem torce contra), executivo/empreendedor (o momento do instinto caçador de abastecer o ninho), você com você mesmo (o momento do espelho, do espírito e da alma) e o cidadão (o momento de reclamar que nada funciona neste país, ou que o mundo vai acabar, ou não). A melodia será tão perfeita quanto nossa capacidade de desenvolver o máximo de instrumentos constantemente.

Nossa música estará desafinada (a vida em desequilíbrio) quando misturamos sons, criando ruídos. Se, ao perder um emprego ou sofrer um revés nos negócios tivermos um surto de raiva com nossos filhos, ou se uma desilusão amorosa representar um mergulho insano no trabalho. O som agudo não pode substituir o grave. Cada um tem sua natureza própria e complementam-se.

Uma dos sintomas mais comuns de desequilíbrio é o consumismo. É notório o estudo mercadológico da indústria automotiva que sugere que a compra de um carro conversível vermelho (nem sempre conversível e nem sempre vermelho) pode estar ligado a desejos sexuais mal resolvidos.

Quantas vezes você já não ouviu mulheres dizerem abertamente que iriam as compras para aliviar suas carências (nem sempre sexuais)?

Quantas vezes você comprou um presente para sua esposa, filho, sobrinho ou neto porque se achava em falta (de atenção ou carinho) com eles?

O Indiano Amit Goswami, em recente visita ao Brasil, defende que a principal causa das guerras e conflitos são os desequilíbrios econômicos, gerados principalmente pela inflação de demanda.

O próprio Alan Greespan em seu livro reforça a tese, definindo sua principal missão como evitar crises econômicas profundas causadoras das grandes guerras. Ele compara o papel dos bancos centrais, reguladores das torneiras dos juros, com o de um anfitrião que para de servir bebidas no melhor da festa, numa alusão de que as pessoas tendem aos excessos com as facilidades do crédito em ciclos de prosperidade econômica.

Amit estabelece um paradoxo entre a escassez de recursos naturais, insuficientes para o planeta se todos os 6.5 bilhões de habitantes tivessem o padrão de consumo médio dos EUA, e a abundância infinita de recursos como amor, carinho e atenção.

Ele sugere o consumo responsável aliado à alimentação adequada de nossas carências (afinação de nossos instrumentos) como forma de equilibrar nossa existência.

quinta-feira, 11 de outubro de 2007

A Vítima Patrocina




A sustentabilidade está na moda, e o principal valor que ela traz é o da interligação entre as coisas, pessoas e fatos. A redução da geleira da Groenlândia esta ligada ao inédito verão da Grécia, aos furacões no Golfo do México e a emissão de Co2 do motor do Hummer na California. Recentemente vendemos crédito de carbono a partir de um aterro sanitário em São Paulo para a Alemanha.


A nova indústria do carbono nos ensina de forma científica e didática o que os espiritualistas e outros “ istas” menos materiais já nos dizem a anos. Que no final das contas as menores partículas são a matéria prima de tudo que nos cerca. Você, a tela do seu computador, a bola do seu filho o brinco da sua mulher ou o motor do seu carro. Que há uma conexão entre cada uma das 6,5 milhões de pessoas na Terra e, entre nós e os elementos da natureza.


Por mais insignificante que alguém possa se julgar, existir já significa gerar conseqüências, já implica em causa e efeito.


Gosto de pensar que a causa é sermos a melhor pessoa que pudermos ser e fazer descendentes ainda melhores. Esta ambição gera tranqüilidade espiritual, principalmente quando você olha para baixo e tem um pequeno ser te chamando de papai.


O efeito de nossa existência pode ser medido cientificamente pelas ferramentas de cálculo de emissão de carbono das coisas que são usadas no nosso dia a dia. Se você quer conhecer outras conseqüências da sua existência por um prisma, digamos sociológico ou, outro lado da sustentabilidade, digamos real, assista o filme Tropa de Elite.


O filme, obrigatório para quem quer saber porque foi assaltado no trânsito por um moleque armado que parecia ter deixado as fraldas há poucos anos, já é um clássico do crime. Mais de um milhão de cópias piratas foram comercializadas antes de inaugurar nas telas de cinema, o que reforça a legitimidade do cenário hipócrita e inconseqüente (ou insustentável) que vivemos, ilustrado como poucas vezes nas telas.


A figura de um capitão incorruptível, revoltado com a falta de consciência dos consumidores de drogas, que combate a polícia corrupta com mais energia do que os próprios traficantes, parece menos verossímil que a corrupção endêmica ilustrada com incomparável maestria.
Ao término da sessão duas coisas ficaram claras para mim:


Que o Brasil é realmente fantástico porque aceita muito desaforo. Poucos países no mundo parariam de pé depois de uma inflação de 80% ao mês e uma corrupção endêmica reforçada por uma sociedade hipócrita e inconseqüente (ou insustentável) como o Brasil.


E que a moda da sustentabilidade têm que ser transformada no combate a hipocrisia insustentável. Se o consumo de drogas é hábito de nossa sociedade, vamos institucionalizá-lo, legalizá-lo. Vamos aproveitar a onda de transparência do mundo e vamos iluminar estes cantos escuros que insistimos em fingir inexistência.


Na onda estatizante do Lulismo, vamos "desprivatizar" a comercialização de drogas, vamos incluir programas de saúde com atendimento a drogados e simpatizantes. Será um fantástico gerador de empregos e de divisas para o Estado.

Podemos também propor assentamentos para plantações de Cocaína, Maconha. Laboratórios de Êxtase poderão ser finalmente tomados e geridos pelos membros dos movimentos dos sem terra.

Enquanto isto não acontecer, os créditos do seu próximo tapinha ou tecada significarão cada vez mais débitos de vidas. Vidas cada vez mais jovens. Vidas cada vez mais perto.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Stella Fez Cinco Meses

.... E sorriu para mim....

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Quem Decide Sobre Minha Vida?


Artigo publicado hoje na Gazeta Mercantil


Medicina não é uma ciência exata.

Com 25 anos de idade rompi os ligamentos do ombro direito ao cair esquiando na neve. O grupo em que viajava tinha uma ortopedista famosa. Ela examinou o Raio-X e recomendou procedimento cirúrgico o mais rápido possível. Após o procedimento haveria um atrofiamento natural da musculatura do local e a recuperação completa se daria em até 6 meses.

De volta a São Paulo, procurei uma segunda opinião médica. O médico analisou o caso e sugeriu somente imobilização. O braço seria enfaixado próximo ao peito de forma a recolocá-lo no lugar. O curativo era trocado a cada dois dias. Ao final de 20 dias eu já voltava a nadar.

Qual dos dois médicos estava certo?

Ambos.

Cada um sugeriu um procedimento distinto de tratamento, aceito, recomendado, e chancelado pela comunidade médica internacional.

Em qualquer especialidade médica sempre haverá caminhos distintos de procedimentos e tratamentos médicos, sem contar a medicina alternativa, é claro. A decisão será sempre do paciente, ou de um parente mais próximo no caso da incapacidade do mesmo em fazê-lo.

Para tomar a decisão correta, as pessoas precisam de informação. Quanto mais melhor.

São 3 as dimensões destas informações, além da visita ao médico.

A primeira é a referência de outras pessoas que passaram por situações parecidas. Além da referência, saber que não somos os únicos a “sofrer” de algo é muito confortante e pode ser decisivo. Nossa mente, segundo a grande maioria dos especialistas, será sempre nosso maior aliado na cura, seja ela qual for.

A segunda dimensão é a leitura de artigos com opiniões de especialistas. E neste caso fica clara a necessidade do teor menos técnico que estes conteúdos devam ter.

A terceira dimensão é a interação com especialistas. Está cada vez mais claro e legítimo a relação de diálogo com especialistas via call centers, sites ou revistas, independente da consulta médica.

Para estas 3 dimensões de informação a Internet é, sem dúvida o ambiente mais eficiente. Turbinados pelas ferramentas da Web 2.0 nunca fomos tão poderosos para interagir, participar, perguntar, responder, colaborar, filmar, assistir, gravar, ouvir, escrever, ler, questionar, refletir, pesquisar, procurar, achar, dividir, corresponder sobre qualquer tema.

Segundo pesquisa realizada pela Pew Internet & American Life Project, nos EUA, 80 % dos americanos, cerca de 113 M de pessoas, buscam informações sobre saúde na Web.

Mais da metade deste grupo reportou que as últimas informações buscadas impactaram na forma de encarar e cuidar da sua saúde, ou de pessoas próximas. 56% dos entrevistados declararam ainda sentir-se confiantes em levantar novas questões com seus médicos.

Se tivesse que definir Vida em poucas palavras, escolheria que Viver é explorar as possibilidades do nosso tempo. Nunca, na história, tivemos tantas possibilidades tecnológicas disponíveis para maximizar interações e colaborações entre muitos. Muitas cadeias de valor já estão se transformando e na área da saúde não deve ser diferente.

As transformações vêm da ponta da cadeia ou do consumidor final como eu e você (empowerment como gostam os americanos).

Quem decide sobre a Minha Vida?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O Alfabeto Está Obsoleto


Wikipédia:

“Em um estágio inicial (há 5.500 anos), a escrita era composta por signos pictóricos (descrições de imagens para servir de símbolos) que representavam objetos ou idéias, com um simples valor ideográfico. Por isso, eram necessários tantos signos quantos os objetos e idéias a exprimir. A escrita suméria tinha cerca de 20.000 ideogramas simples e compostos.


Em uma segunda fase, os signos passaram a representar não mais os objetos e as idéias, mas os sons com que tais objetos ou ideias eram nomeados no respectivo idioma. Os signos passaram a ter também um valor fonético, conforme o texto em que surgiam. Surge o alfabeto no século IX a.C..”


O alfabeto popularizou-se em 1450 com a prensa de Gutemberg e depois com a imprensa, a opinião pública e a democracia, se quisermos.


Será que este processo (a popularização do alfabeto) aconteceu no Brasil?

Segundo a professora Maria Elizabeth Bortone, professora da UNB em entrevista ao jornal Correio Braziliense, 75% dos brasileiros não dominam o exercício da leitura. Este número inclui os analfabetos absolutos e os analfabetos funcionais (68%) que têm dificuldade para compreender e interpretar textos.

A revista Veja, maior do país, têm tiragem média de 1,1 milhões de exemplares. Se considerarmos o número de até 3 leitores por revista serão 1,8% da população. Os dezesseis maiores jornais do país somados têm, aos domingos (dia de maior circulação), 2,5 milhões de exemplares ou 1,3% da população.

Será que, como na idade média, ler e escrever é privilégio, hábito ou capacidade de uma elite? (Opa!!! e a opinião pública e a democracia?)

De outro lado, a penetração da TV (e sua linguagem unidirecional de som e imagem) no Brasil está entre as mais altas do mundo. 91% dos lares segundo o IBGE.

Antes de qualquer forma de escrita, os conhecimentos eram transmitidos oralmente. Nas sociedades tribais os mais velhos eram respeitados pela sua capacidade de transmitir conhecimentos e história aos mais jovens.

Sem julgar (bom ou ruim), será que temos (a maioria dos brasileiros) mais intimidade em assistir e ouvir do que ler e escrever? (Será razão da famosa memória curta e um prato cheio para os políticos, oradores natos, que percebem que podem negar verbalmente para muitos o que foi provado literalmente para poucos?)

E, se esta característica, limitação para alguns, for oportunidade para os 190 milhões de brasileiros ? (e para a opinião pública e a democracia legítimas por aqui?)

Neste momento, uma nova linguagem universal está em criação no mundo, mais adequada ao cenário de conectividade mundial, e já mostra ter mais chances de popularização que o alfabeto no cenário tupinikin.

O Google foi quem primeiro explicitou as limitações do alfabeto no ciberespaço. Uma palavra é a representação gráfica de um som, não necessariamente de um significado. Uma palavra pode, e na maioria das vezes tem, significados ou semânticas diferentes. Incapaz de detectar o significado, os milhares de computadores do Google comparam textos e palavras e não significados. Experimente digitar “coração” no buscador.

Há uma corrida mundial para criação de uma linguagem universal de significados (a chamada Web Semântica). Esta nova forma de “escrita” será uma mistura de imagens, sons e símbolos, intuitiva e de fácil aprendizado. Estará mais próxima dos signos pictóricos, ideogramas e símbolos do que do alfabeto como o conhecemos?

A nova linguagem deve representar um retorno a nossa natureza bi-direcional (falar e ouvir, ler e escrever entre muitos, ver e ser visto) e já nasce em estrutura ubíqua (estará em todos os lugares ao mesmo tempo).

Quem desenvolve a nova linguagem?

Os mais de 1 bilhão de usuários de Internet no mundo. O seu filho, sobrinho que não conheceu o mundo sem o ciberespaço (nativos digitais). Pelos frenéticos usuários dos smartphones que checam mensagens entre garfadas nas refeições. Ou os Russos, Chineses e Croatas que, ao se ausentar de uma “mesa” de gamão virtual digitam um símbolo, já considerado universal: “BRB”.(Apesar de vir do inglês Be Right Back, muitos o usam sem saber sua tradução literal)

Enquanto isso no Brasil (onde, em 2007 as vendas de computadores devem superar as de TV)....
Colaboram para criar a nova linguagem universal...

...os cerca de 50 milhões de usuários de Internet (27% da população, segundo o Datafolha, que não lerão textos longos como este até o fim), que navegam mais de 21 horas mensais (líderes mundiais segundo o Ibope).

... os 30 milhões de usuários de Messenger (somos a maior comunidade de usuários do mundo)que usam símbolos, palavras abreviadas e textos muito curtos.

... e os 50% de usuários de Orkut no mundo.

Como os profissionais da moda, que extraem suas coleções a partir dos hábitos e estilos das ruas, nos próximos anos, um novo Bill Gates (por que não brasileiro?) extrairá do ciberespaço uma nova linguagem para homens e máquinas, mais adequada que o alfabeto, ao mundo conectado em banda larga com cada vez mais velocidade de processamento. (Infra melhor que as paredes das cavernas dos sumérios e seus 20.000 símbolos)

Mas, para onde isto tudo vai nos levar?

Às vezes é angustiante a velocidade com que as coisas estão acontecendo. É angustiante ver nossos filhos 14 horas em frente a um computador. É angustiante perceber que aquele pessoa que você abominava ver interrompendo o almoço para checar mensagens agora é você.

Mas, lembra quando você aprendeu a ler? Nenhum texto, faixa ou outdoor passava despercebido. Aos poucos seu cérebro aprendeu a filtrar o que era útil ser lido. O mesmo acontece com o impacto das novas tecnologias e interfaces de hardware e software. Daqui a algum tempo teremos a opção de interromper o almoço ou não para checar mensagens e isto significará liberdade e qualidade de vida.

Há dez anos (no mundo off line ou da conexão discada), quanto tempo você demoraria para pagar uma conta no banco, comprar um livro ou um CD, descobrir se tinha uma multa pendente no seu carro, pesquisar sobre uma viagem dos seus sonhos, ou sobre uma doença?

Acredito que estamos indo para um mundo melhor. Confio em nossa jornada coletiva.


Por mais paradoxal que possa parecer esta jornada de desenvolvimento tecnológico, que às vezes parece frenética, significa um retorno às nossas origens mais humanas, à nossa real natureza.

A nova linguagem universal criará um cenário inédito de comunicação e colaboração entre pessoas independente de línguas ou fronteiras econômicas e sociais. Já se multiplicam comunidades colaborativas na web que são saberes reunidos independente de endereço, posição econômica ou social.

Será este novo cenário fundamental para acomodar nossas gerações futuras, ou mais de 10 bilhões de habitantes na Terra, que já dá sinais de saturação?

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Cidadão Brasileiro 2.0


Já somos 50 milhões de internautas segundo Datafolha/FNazca

Encomendada pela agência de publicidade (FNazca) ao instituto (Datafolha), a pesquisa feita em março último com pessoas de mais de 16 anos ( o que sugere que o número poderia ser ainda maior, se considerada a população até esta idade, na net cada vez mais cedo) mostra ainda que 42% destas pessoas já publicaram conteúdo na rede.

Acrescentamos a estes dados, o crescimento exponencial da penetração da banda larga em escolas, lan houses e bibliotecas (acesso de 22% da população segundo a pesquisa), além de escritórios e residências, com 55% de aumento entre os assinantes de TV paga que têm o serviço agregado (Dados publicados no IT Web)

Continuamos líderes mundiais em tempo navegado com mais de 21 horas mensais a frente da França e Estados Unidos segundo o Ibope Net/Ratings. Instituto aliás que provoca alguma polêmica já que, em sua pesquisa mais recente, de dezembro de 2006, mostra 32 milhões de internautas no Brasil.

Explosão de crescimento ou divergência de metodologias? Vamos ficar com um pouco dos dois.

A esta salada de dados vamos somar o crescimento de 43% no volume de computadores em 2006 em relação a 2005 e a expectativa de que as vendas atinjam 10 milhões de máquinas neste ano segundo a Abinee .

Vale acrescentar também a iniciativa inaugurada esta semana do plano popular de acesso a Web. Segundo o ministro das comunicações Hélio Costa, 3 milhões de pessoas passarão a ter acesso a 10 horas mensais de conexão por R$ 7,50. O plano foi integrado ao programa do governo federal que estimula a venda de computadores a preços populares.

O que todas estas pesquisas, dados e informações mostram?

Que a Web 2.0 está acontecendo no Brasil.

Rotulações de lado, a Web 2.0 significa mais gente navegando em banda larga (mais informação trocada por minuto) por mais tempo, publicando, editando conteúdo e estimulando outras pessoas a fazer o mesmo.

Parece muito próximo o momento em que acessar a Internet no Brasil não será possibilidade e sim opção (na Inglaterra a Internet já desbancou a TV como meio preferido, segundo recente pesquisa).


E o que significa esta opção?

Publicar a ser publicado, ser ativo a ser passivo, fazer sua própria novela (55% do Orkut está no Brasil) do que ver a dos outros, participar e colaborar a ser participado, escolher e editar a realidade a assistir a realidade editada.

Será que o Brasil de amanhã verá pessoas em rede interagindo e colaborando no momento que desejarem, (gerando a inteligência coletiva de Pierre Levy) em substituição aos lares e bares hipnotizados no “horário nobre”.

Sim, esta web nos chama a participar. Esta “nova web” é mobilizadora, democrática e diversa por natureza justamente no momento em que a “inércia, irresponsabilidade, incompetência, negligência, ineficiência, falta de autoridade, indignidade, má gestão, falta de compostura e desumanidade” (Frase de Jarbas Vasconcelos na revista Veja desta semana) assolam a administração pública ”deste país”. Será por acaso?

Um texto polêmico do Arnaldo Jabor, da Dora Kramer, um podcasting do Diogo Mainardi ou um chamado a mobilização circulam pelas nossas telas com velocidade inimaginável para os padrões pré-web ao lado de textos como o de FHC no Estado do último domingo sobre o incontestável carisma de nosso presidente (que perde uma oportunidade histórica ao não transformá-lo em liderança, já que poderia ter as pessoas mais capazes ao seu lado). Expressões legítimas independentes de posição ou oposição política como querem rotular alguns.

Em escala, a net tende a verdade aceita pela maioria.

Os conceitos mentirosos duram minutos na Wikipédia. O Google é capaz de sugerir a grafia certa de uma palavra justamente porque mais pessoas acertam do que erram.

Ao consultar um classificado de veículos on line você é imediatamente beneficiado por uma pessoa que tenha colocado um carro antes caso você o deseje. Um fórum de discussão sobre hipertensão de pessoas com esta característica, pode ser determinante no tratamento eficaz.

Milhares de depoimentos de outras pessoas sobre viagens podem ser tão úteis como o próprio agente de viagem. Os bancos já incluíram em sua cadeia de distribuição de produtos e serviços os seus clientes plugados, fazendo o trabalho de seus funcionários de outrora.

Esta é boa notícia: Em escala somos mais inteligentes e do bem.

Graças a eu e você editando, recomendando, distribuindo, interagindo, estimulando, escrevendo,colaborando, participando. Nunca, individualmente fomos tão poderosos coletivamente.

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que usam as possibilidades do nosso tempo para exigir respeito, exercer responsabilidade, manter-se informado e agir ?

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que, independente de preferências políticas, estimulam e mobilizam seus pares a colaborar e transformar a administração pública em ambiente de excelência e eficiência cada vez mais presente na iniciativa privada? (que já saíram na frente, usando a Web para criar eficiência em suas cadeias de valor)

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que, independente de preferências políticas, serão capazes de incentivar, fiscalizar e transformar em líderes de verdade os administradores públicos que o serão como meio de trazer excelência e eficiência a máquina pública e não como fim de acomodar a si próprio e aos seus?

segunda-feira, 30 de julho de 2007

Barrados no Baile

Escrito por Dora Kramer



A passeata que levou às ruas no fim de semana gélido de São Paulo, manifestantes para homenagear as vítimas do acidente do Airbus A320 foi um misto de protesto contra o governo e ação em prol da cidadania, mas serviu também como recado aos partidos porventura interessados em pegar uma carona ou em desqualificar atos dessa natureza.

Se participaram 3 mil ou 6 mil pessoas - de acordo com aqueles cálculos empíricos de sempre - não importa. Aqui realmente tamanho não é documento.Se foi a primeira de uma série de ações semelhantes, se apontou para o sucesso ou fracasso da campanha "Cansei", alvo de desqualificação aqui e ali por ser identificada como "movimento de ricos", tampouco é o que interessa agora.

Entre outros motivos porque não se sabe se, passado o impacto do desastre, tais atos terão continuidade nem se haverá mesmo uma reação significativa da sociedade na exigência da palavra de ordem síntese da passeata - "respeito" - ou mesmo se essas mobilizações terão qualquer efeito sobre a popularidade do presidente Luiz Inácio da Silva.

Essencial naquela manifestação foi o sinal evidente de que partidos políticos, governistas ou oposicionistas, estão barrados desse baile, tenha ele a magnitude que tiver.Sagaz, o mundo político possivelmente captou a mensagem. Parlamentares estiveram ausentes e, no dia seguinte, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, tratou de arquivar a idéia de o partido preparar uma contra-ofensiva às manifestações em articulação.

No protesto paulistano, só um punhado de militantes da juventude do PSDB se atreveu a aparecer por lá. Mal desembrulharam as bandeiras com as quais, ingênuos, esperavam marcar a presença do partido, e foram expulsos por uma reação coletiva e espontânea, cujo lema não escrito parece ser "político não entra". A rejeição daquelas pessoas - e não seria exagero afirmar, da maioria de tantas outras - à instrumentalização de suas emoções pelos partidos atuantes no cenário nacional permite duas interpretações, uma negativa e uma positiva.

Ruim será se a exigida distância dos partidos resultar da pura e simples despolitização, da raiva à deriva, cuja conseqüência mais perniciosa é a negação do sistema representativo em si (e não de como ele está funcionando no Brasil), a desmoralização do exercício político, que é o cerne da democracia e garantia fundamental contra retrocessos institucionais. Bom será se os partidos e os políticos souberem compreender o gesto e a partir dele perceberem a necessidade de restabelecer um diálogo com a sociedade em termos diferentes dos atuais.

Os governistas, com destaque para o PT, incorrerão em erro brutal se menosprezarem a motivação dos manifestantes e buscarem combatê-los, isolando-os na posição de cidadãos de segunda classe porque não se sentem gratificados pelo simples fato de um homem chamado Lula existir, porque têm senso crítico, querem ver as coisas funcionando direito e valores mínimos de comportamento serem respeitados no País.

Os oposicionistas também derraparão na curva do equívoco se não respeitarem a prudente distância deles exigida, se não guardarem um respeito obsequioso ao recado de que não souberam se apresentar como porta-vozes eficazes das insatisfações latentes e são, por isso, vistos como meros oportunistas. Ambos demonstrarão absoluta ausência de senso de oportunidade se insistirem em tirar proveito eleitoral, seja querendo surfar na onda da indignação, seja incriminando como conspiradores os indignados.

Aos políticos com razão e sensibilidade cabe agora perceber simplesmente que essa não é a hora deles, convém recolherem-se, de preferência usando a pausa para uma necessária (e tardia) reflexão. Se ousarem nos gestos de intromissão, para defender ou atacar, podem pagar o único preço a eles caros, o eleitoral. É a cidadania que abre alas e pede passagem. Se passará ou ficará onde está, perplexa, refém da autocomiseração em muxoxos pelos cantos, sem dizer exatamente o que quer, cabe a ela mesmo mostrar.

domingo, 29 de julho de 2007

Mobilização e Paixão

Hoje cerca de 5 mil pessoas caminharam por 5 KM até o local do acidente aéreo do último dia 17 de Julho.

A passeata serviu para extravasar a indignação com o a incompetência, negligência, corrupção e principalmente descaso com que as autoridades têm tratado o cidadão brasileiro.

“A sociedade brasileira exige respeito” era o título da convocação que circulou pela Internet durante a semana passada assinada por várias organizações apartidárias entre elas o CRIA (Cidadão Responsável, Informado e Atuante).

Uma mobilização bem sucedida.

Quais os ingredientes para novas mobilizações de sucesso, necessárias para provocar mudanças, choques de eficiência administrativa que este país tanto precisa?

Quais os componentes necessários para sensibilizar nossos governantes ou estimular pessoas competentes a participar da administração pública?

O primeiro ingrediente de sucesso de uma mobilização é a comunicação, ou fazer chegar ao maior número de pessoas uma mensagem capaz de envolvê-las.

Nunca na história da humanidade tivemos a disposição uma ferramenta tão poderosa de comunicação escrita, fotografada ou filmada tão livre e democrática como a Internet.

A Web 2.0 (a Internet com cada vez mais gente interligada por computadores cada vez mais potentes trafegando volume de informação cada vez maior e mais rápido) gera uma conectividade inédita entre pessoas independente de entidades editoriais.

A passeata foi difundida quase que exclusivamente pelas ferramentas da grande rede (E.Mail e até o You Tube) sem apoio relevante das mídias tradicionais. Em pouco mais de uma semana, 5 mil pessoas foram mobilizadas para caminhar numa manhã de domingo fria e chuvosa e outras tantas foram sensibilizadas pelo movimento.

O segundo ingrediente é sem dúvida a motivação, o estímulo ou a paixão.

A mensagem foi capaz de concretizar o sentimento de indignação com a incompetência, negligência e corrupção do cenário político atual.

A paixão é um dos maiores patrimônios nacionais. O povo brasileiro sabe apaixonar-se como ninguem. Pelo futebol profissional ou com os amigos (por formas femininas) , pela família e filhos, por caminhar no parque ou na praia, por jogar conversa fora, por viajar, por festejar, por comemorar. Somos intensos e quando nos decepcionamos também o fazemos apaixonadamente.

Falta incluir a política e a cidadania como tema, nada fácil frente às preferências nacionais.

Ressalto aqui o esforço de políticos como Marta “relaxa e goza” Suplicy, Marco Aurélio “top top”Garcia e Luiz Inácio “tenho medo de avião” da Silva de enriquecer (ou empobrecer) o vocabulário político com expressões do cotidiano, tentando (com inquestionável fracasso) aproximar a política da realidade do brasileiro.

Enfim, nunca foi tão fácil colaborar, participar, gerar eficiência, ser produtivo, exercer transparência e interdependência com as novas ferramentas da web.

Estaremos evoluindo ou simplesmente Criando as ferramentas necessárias para sermos viáveis como sociedade e país no futuro?

Será que aos poucos percebemos que se não formos Cidadãos Responsáveis, Informados, e Atuantes, nossas paixões (preferências nacionais se preferir) que, antes pareciam distantes da política chata, estão ameaçadas ?

Será que aos poucos percebemos que as coisas simples capazes de nos manter apaixonados pela vida como a segurança de nossas famílias, nosso direito de caminhar livremente, viajar, festejar ou mesmo empreender para nós e nossos filhos estão ameaçadas se não nos tornarmos Cidadãos Responsáveis ?

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que usam as possibilidades de nosso tempo para exercer Responsabilidade, manter-se Informado e Atuar ?

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que estimulam e mobilizam seus pares a colaborar e transformar a oca administração pública em ambiente de excelência e eficiência cada vez mais presente na iniciativa privada?

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 capazes de incentivar líderes de verdade de chegar ao poder como meio de trazer excelência e eficiência a máquina pública e não como fim de acomodar a si próprio e a seus compadres ?






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Bem vindo à diversidade (política para alguns)


Algumas horas após a passeata, os principais portais noticiavam o evento.

Chama atenção a coluna do Felipe Corazza Barreto no Terra Magazine.


O título : ““Fora Lula” domina passeata do “Cansei””

“...o tom político e partidário surgiu em pouco tempo logo no início da caminhada....”

Será uma prova clara que ao mobilizar, os desdobramentos e interpretações podem ser diferentes dos planejados?

A Internet potencializa a diversidade. Não será mais legítimo o que sobrevive a diversidade?

quarta-feira, 18 de julho de 2007

Perdi dois amigos para a incompetência

O acidente da TAM foi realmente chocante. O Airbus 320, com capacidade para 162 passageiros, praticamente lotado, chocou-se contra o prédio da empresa, aparentemente em tentativa de manobra de arremeter a aeronave. O choque aconteceu a cerca de 180 KM/h.
Estima-se mais de 250 mortos entre passageiros, tripulantes e pessoas em terra no maior acidente aéreo da história do país (como gosta de alardear a mídia)

A causa mais provável foi a falta de aderência necessária da pista para redução de velocidade do avião. A chuva e a falta de ranhuras no piso, recomendação técnica dos manuais de aviação internacional, já tinham sido a causa de uma aeronave desgovernada pouco mais de 24 horas antes.

O aeroporto foi aberto a 19 dias e a “pressa em faturar nas férias” (segundo depoimento no Estado) antecipou a entrega das obras sem a finalização técnica no piso. Afinal não estamos em época de chuvas.

Chama atenção o depoimento de um comandante (anônimo é claro) dizendo que, apesar do receio dos pilotos em aterrissar em Congonhas, eles o fazem senão perderão o emprego.

Uma tragédia anunciada segundo os jornais.

Duas destas pessoas eram próximas. Irmãos, um deles acabava de fazer 40 anos. Deixaram juntos 5 filhos. Eram sócios e viviam ótimo momento profissional na onda da euforia do mercado automotivo e planejavam abertura de capital da empresa.

Imagino que deva existir outras 250 histórias tão comoventes. Mas, por estar tão próximo (tínhamos a mesma idade e trajetórias parecidas) o impacto é diferente. Podia ser eu ou você viajando a trabalho. Tão comum.

Sim. A incompetência, a corrupção, o descaso, o individualismo, o corporativismo político mata.

Além de fazer pontes que ligam nada a lugar nenhum, desafiar a nossa inteligência, a incompetência inaugura uma nova dimensão. Ela mata.

Além de matar nosso potencial de crescimento como nação, a incompetência agora mata gente (a gente) via infra-estrutura oca.

E aí?

Eu, você, todo mundo estuda, trabalha, cria, empreende para que?

Para criar ambientes de excelência e competência para nós e nossos filhos?

Que tal começarmos a tomar as rédias e levar essa excelência para o poder público?

Vamos fazer alguma diferença para aquelas 5 crianças que ficaram e para as nossas ou vamos ficar sentados, revoltados, reclamando....?

segunda-feira, 16 de julho de 2007

Web Semântica 2

Qual é o futuro da web, segundo o seu criador


Por Peter Moon, especial para o IDG Now!


Em entrevista exclusiva, Tim Berners-Lee, o criador da web, fala como a Web Semântica vai deixar a rede mais inteligente.

O Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa define o termo semântico como sendo “o componente do sentido das palavras e da interpretação das sentenças e dos enunciados”. Tim Berners-Lee, o homem que inventou sozinho a World Wide Web em 1989, pegou emprestado este termo para batizar a internet do futuro.

Trata-se da Web Semântica, um conjunto revolucionário de tecnologias que ele está desenvolvendo neste exato momento, como diretor do World Wide Web Consortium, órgão ligado ao Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT). Nesta entrevista exclusiva por telefone, este londrino de 52 anos, agraciado em 2004 com o título de Sir pela Rainha Elizabeth II, explica como imagina o futuro da maior de todas as redes e decreta:

A Web Semântica será muito mais poderosa do que tudo o que conhecemos.

O que vem a ser a Web Semântica?

O modo mais simples de explicar é: no seu computador você tem seus arquivos, os documentos que você lê, e existem arquivos de dados como agendas, programas de planejamento financeiro, planilhas de cálculo. Estes programas contêm dados que são usados em documentos fora da web. Eles não podem ser colocados na web.

Um exemplo: você está procurando uma página na web para encontrar uma palestra que quer assistir ou um evento que quer participar. O evento tem um local e um horário e pessoas associadas a ele. Mas você precisa ler a página da web ao mesmo tempo em que abre a sua agenda para inserir as informações. Se quiser achar novamente aquela página, terá que digitar o seu endereço para ela voltar até ela. Se quiser os detalhes corporativos das pessoas, terá que cortar e colar as informações de uma página na web para dentro da sua agenda, porque o arquivo da sua agenda e os arquivos de dados originais não estão integrados com os dados na web. Assim, a Web Semântica trata da integração desses dados.

Quando você usa um aplicativo, deveria poder inserir seus dados de modo a poder configurá-los, informando o computador: “Eu vou nesta reunião”.

Quando dissesse isso, a máquina iria entender os dados. A Web Semântica é sobre a colocação de arquivos de dados na web. Não é apenas uma web de documentos, mas também de dados. A tecnologia de dados da Web Semântica terá muitas aplicações, todas interconectadas.

Pela primeira vez haverá um formato comum de dados para todos os aplicativos, permitindo que os bancos de dados e as páginas da web troquem arquivos.Mas, afinal, qual é a diferença entre uma web de documentos e outra de dados? Existem muitas diferenças. Pegue, por exemplo, os seus dados financeiros. Existem duas formas de observá-los. Se olhar numa página normal na web, eles parecem com uma folha de papel. A única coisa que se pode fazer é lê-los. Mas se observá-los num site da Web 3.0, você poderá, por exemplo, usar um mecanismo de busca para alterar a ordem dos dados, obtendo desta forma um acesso muito melhor aos mesmos.

Hoje, antes de realizar uma tarefa como pagar seus impostos, você precisa de um programa de gerenciamento financeiro. Ao fazê-lo, os dados não são carregados como uma página na web, mas como arquivos de dados. Esta é a diferença entre documentos e dados. Quando você procura documentos nos seus dados bancários, só é possível lê-los. Quando procura dados, pode descobrir o quanto de impostos está devendo ou qual é o total das contas a pagar. Não podemos fazer isso na web atual. Se fosse possível, as informações reunidas nos seus dados bancários seriam convertidas num padrão que só funcionaria com bancos.

Mas haverá padrões totalmente diferentes, padrões para uso em agendas, por exemplo. Hoje não se pode perguntar ao computador: “Quando foi que eu preenchi este cheque? Qual é o nome da função? Quando eu fui naquela reunião?” Não se podem conectar itens em diferentes arquivos de dados, a não ser que se use a Web Semântica. Ela é muito mais poderosa, porque nela é possível conectar dados sobre pessoas que tenham a ver com um determinado local e um determinado momento.

Mas esta integração completa entre dados pessoais, empresariais e governamentais não pode levar a uma invasão de privacidade?

Sim. Eu também tenho este medo! Um aspecto importante da Web Semântica se chama provenance. Esta palavra é um código que define de onde vêm os dados e o que pode ser feito com eles. Os padrões da Web Semântica permitem que se defina como você deseja manipular os dados aos quais tem direitos de acesso. Estamos desenvolvendo no MIT sistemas para mostrar, sem sombra de dúvidas, quais são os usos permitidos para as informações, de modo que se possa checar de onde elas vêm e o que significam, tendo-se a certeza de que não serão usadas em nenhuma forma não autorizada.

Mas não é preciso ter um mínimo de conhecimento técnico para definir estas preferências, o que não é o caso da maioria da população mundial?

Em primeiro lugar, quando se usa a Web Semântica para dados pessoais, eles não são colocados na internet aberta. Existe dentro do seu computador uma web pessoal para os dados da sua vida, para serem navegados localmente. No caso de softwares de planejamento financeiro, os sistemas dos bancos navegam através da rede no interior de um canal seguro e são executados localmente, no PC. Não se usa tecnologia de web. Seus dados pessoais não estão na internet. O que estamos falando é permitir ao usuário combinar as informações pessoais e empresariais a que tem direitos de acesso com informações públicas de modo a criar um conteúdo muito mais rico. Sobre o fato das pessoas precisarem de algum conhecimento técnico, isso às vezes é verdade. Mas no caso de uma agenda estamos manipulando dados, certo? Quando você usa uma agenda de endereços você está criando dados. Estes programas possuem interfaces amigáveis que permitem uma utilização sem grandes problemas, a menos que se usem programas incompatíveis. Estas interfaces foram desenhadas para facilitar o seu emprego pelo usuário comum. Estamos trabalhando para tornar esta tecnologia disponível àqueles que quiserem manipular documentos nas empresas. É verdade que não existe ainda tecnologia de Web Semântica que seja facilmente utilizável por pessoas idosas ou crianças.

Mas no MIT temos um grupo de pesquisadores trabalhando exatamente nisso, produzindo programas que permitam ao cidadão comum ler, escrever e processar os seus próprios dados.

Foi você quem formulou o termo Web Semântica? É a mesma coisa que a Web 3.0? Qual é a diferença entre a Web 2.0 e a 3.0?

Sim, fui eu. Foi em 1999, no meu livro "Weaving the Web" (Tecendo a Teia). A Web 2.0 é um nome para descrever como operam os arquivos usados na web. Com relação ao conteúdo gerado pelos usuários, isso ocorre quando as pessoas acessam web sites e classificam (tagging) informações, sobem uma fotografia ou constroem sites comunitários.

A Web 2.0, portanto, é baseada em sites comunitários. Mas não fui eu quem inventou este termo. Foi Tim O’Reilly, em 2005.Sobre a Web 3.0, algumas pessoas usam este termo para definir uma nova arquitetura de dados. Já outras usam como uma forma de regulamentação da tecnologia da web. Mas considere o futuro da tecnologia da web. Um problema típico bem conhecido dos arquivos 2.0 é que seus dados não se encontram num site, mas num banco de dados. Eles não estão na web, não podem ser manipulados. Pegue por exemplo um site profissional com informações sobre os seus colegas de trabalho, um outro site com informações sobre os seus amigos, além de sites de diferentes comunidades. Na Web 2.0 você não pode enxergar o quadro completo; ninguém pode ver o quadro completo. É por isso que algumas pessoas dizem que a Web 3.0 será uma realidade quando os sites exibirem dados que possam ser manipulados.Vejamos um outro exemplo: se um determinado site encontra informações úteis sobre os meus amigos no meu blog, então eu posso definir um ícone para informar ao meu computador: “extraia estes dados, analise-os e os adicione aos dados que tenho de outros sites, para então exibi-los todos juntos”.Quando a Web Semântica atingir todo o seu potencial, ela desencadeará um segundo boom da internet?Bem, sob certo ponto de vista isso já está acontecendo. Mas eu não acho que a web já atingiu todo o seu potencial, e ela já está aí faz quase 16 anos. A Web Semântica irá decolar quando as pessoas começarem a colocar links públicos de dados na web, adicionando dados e arquivos pessoais. Mas acredito que ainda vai levar muitos anos, porque muita coisa terá que ser feita para torná-la uma realidade.


O que é a Neutralidade na Net? Qual é a sua posição com relação a isto?

Trata-se do seguinte: quando você e eu pagamos para nos conectar na internet, podemos nos comunicar não importando quem quer que nós sejamos. O que mais chama atenção hoje na rede são os vídeos. Eles estão tomando conta da net. Uma empresa como o YouTube atrai muita atenção porque transmite vídeo pela web, aproveitando-se do fato de que, em muitas regiões do mundo, a largura de banda está se tornando cada vez maior.
Agora suponha que eu esteja em Massachusetts, seja um fã de cinema independente e queira encontrar um filme brasileiro. Eu entro na internet para procurar no Brasil os meus diretores e filmes independentes prediletos. Mas de repente o provedor de acesso em Massachusetts bloqueia a transmissão dizendo: “Não vamos deixar você fazer isso, porque nós vendemos filmes. Sim, nós fornecemos a você acesso à internet, mas impedimos que assista filmes.

Queremos controlar quais filmes você compra.”Eu já vi empresas de tevê a cabo tentarem impedir o uso de ligações telefônicas na internet. Isso me preocupa. Eu não quero que isso aconteça. Acredito ser muito importante manter a internet aberta para quem quer que seja. É isso que chamamos de Neutralidade na Net. É imprescindível preservá-la para o futuro.Em 2003, o governo brasileiro ao lado de outras nações propôs uma administração internacional para a internet, espelhada nos exemplos da União Européia e das Nações Unidas. Será que algum dia Washington irá permiti-lo?

Acredito que a internet irá se burocratizar aos poucos.

Isso é inevitável. É importante permitir que as pessoas de diversos países, dos países emergentes, desenvolvam o seu uso da internet o mais rápido possível. Mas a administração de algo tão grande nunca poderá ser controlada por uma burocracia única. Não sei que forma essa burocracia assumirá, já que existe muita política envolvida. Mas penso que seria importante manter a rede livre da ação dos governos e sem censurar as pessoas que a utilizam.

Certa vez você disse que criou a web para resolver uma frustração que tinha no CERN – o Conselho Europeu para a Pesquisa Nuclear, em Genebra. Como foi isso?

O CERN possui uma maravilhosa diversidade de culturas, porque gente de todo o mundo vai lá para pesquisar física. Em 1989, antes de existir a web, eu escrevi um memorando explicando como ela seria. Eu mencionava o sistema de hipertextos e a World Wide Web como um método para agregar e editar dados. Eu queria que todas as informações na rede do CERN pudessem ser facilmente acessáveis.

Queria desenvolver ferramentas para permitir às pessoas produzir e usar informações de forma colaborativa.

A primeira ferramenta foi um editor de web que permitia aos pesquisadores do CERN usar um documento, editá-lo e alterá-lo para então enviá-lo, inserindo links entre as páginas da web e documentos científicos. Minha frustração era que eu queria trabalhar com pessoas de países diferentes, usando máquinas diferentes, operando bancos de dados diferentes e distribuindo dados em formatos diferentes. A web forneceu um padrão para tudo isso.

Muitos pesquisadores ganharam milhões com a web, mas você preferiu continuar desenvolvendo padrões. Não acha que perdeu a chance de uma vida por não criar uma web proprietária?

Não, não acho, porque se ela fosse proprietária as pessoas não teriam usado nem contribuído para o seu crescimento. Ela não teria decolado e nós não estaríamos conversando agora.Empreendedores como Nova Spivak e o co-fundador da Microsoft, Paul Allen, trabalham com uma linha do tempo que prevê o advento da Web 3.0 em 2010 e até mesmo uma futura Web 4.0 em 2020. Consegue imaginar como seria esta Web 4.0?(Risos) Não, eu não consigo. Eu estudo tecnologia real. Eu não inventei a palavra Web 3.0 (ela surgiu pela primeira vez num blog em janeiro de 2006).

A web está em constante evolução. Na Web 2.0 existem tecnologias, como o JavaScript, que surgiram e se tornaram padrões por auxiliar as pessoas em suas tarefas. A maioria dos padrões que estão surgindo agora dará um grande impulso a iniciativas como a web móvel, que é o uso da web nos mais diversos dispositivos.No futuro teremos a Web Semântica que permitirá muitas outras coisas. Uma das características mais poderosas das tecnologias de rede como a internet, a web ou a Web Semântica é que as coisas que conseguimos fazer vão muito além da imaginação de seus criadores. Pegue, por exemplo, os inventores do TCP/IP (Transmission Control Protocol-Internet Protocol), os protocolos originais para a comunicação entre computadores na internet, criados por Vinton Cerf e Robert Kahn em 1974.

Como eles imaginariam que aqueles protocolos iriam se tornar a maior de todas as redes?

Quando inventei a web, pensava nela como uma infra-estrutura, como uma fundação para muitas outras coisas. A Web 2.0 permitiu o surgimento das redes sociais e muitos outros serviços. Quando a Web Semântica surgir daqui alguns anos, os usuários irão utilizá-la em formas que ainda não podemos prever. Por isso é uma bobagem tentar imaginar como será uma Web 4.0 quando nem sabemos o que será feito na 3.0.As pessoas que a estudam a Web 3.0 terão que desenvolver idéias para fazer esta nova tecnologia ter sucesso. Eles irão projetar coisas fantásticas, assim como os pesquisadores da Web 2.0 estão desenhando coisas fantásticas neste instante. Quem trabalhar com a Web Semântica irá fazer coisas muito mais poderosas. Não podemos imaginar como elas serão. Mas temos que construir a web para ser uma infra-estrutura. Ela nunca deverá ser usada para propósitos particulares. Somente como uma fundação para futuros desenvolvimentos.

A Cauda Longa da Informação 2

Internet está prestes a superar TV como mídia essencial, diz pesquisa

Por Linda Rosencrance, para o Computerworld*


Mais americanos escolhem a internet como meio de entretenimento e informação, segundo pesquisa da Edison Media Research.

Consumidores americanos foram consultados para escolher "o mais essencial" veículo de mídia em suas vidas. Dos entrevistados, 33% selecionaram a internet, número muito próximo dos que escolheram a TV, com 36%, de acordo com pesquisa realizada pela Edison Media Research.

Os números são significativamente maiores que os alcançados pelo rádio (17%) e os jornais impressos (10%)."Não é exagero dizer que a internet se tornou tão importante quanto a televisão como fonte de informações e entretenimento na vida dos americanos", disse Larry Rosin, presidente da Edison Media, em um comunicado.

Em 2002, 20% dos consumidores americanos afirmavam que preferiam a internet, comparado aos 39% que escolhiam a TV e 26% o rádio, segundo o mesmo estudo.A pesquisa envolveu 1.853 entrevistas por telefone conduzidas entre janeiro e fevereiro deste ano, com um público acima de 12 anos escolhidos de forma randômica, segundo a Edison.

A pesquisa também apontou que para 35% dos ouvidos o jornal impresso é o meio "menos essencial", acima dos 31% declarados em 2002.Para 38% dos pesquisados, a internet é o meio de comunicação "mais legal e excitante", índice que era de 25% na pesquisa de 2002.

No estudo, 37% afirmam que estão assistindo mais TV ultimamente, enquanto em 2002 o número era de 41%. Em 2007, o número dos que estão usando mais a internet que outros meios subiu para 34%, enquanto em 2002 era de 19%.

A Cauda Longa da Informação

quarta-feira, 11 de julho de 2007

Nossos Pescadores do Amanhã


Eu: O que vocês querem ser quando crescer?

Eles: Silêncio

Eu de novo: O que vocês querem ser quando crescer?

Uma menina de uns 14 anos levanta a mão e convicta brada: Advogada. Eu quero ser advogada

Eu, diretamente a um garoto de uns 15 anos que me olhava desconfiado: E você?

Ele, sem convicção: Metalúrgico. Por causa do meu pai.

Uma menina interrompe encorajada pelos amigos: Pedreira. Eu quero ser pedreira.

Eu: Ninguém quer ser político? Presidente do Brasil? Vocês sabiam que o Lula era metalúrgico, torneiro mecânico como o pai dele (apontando para o menino)? Alguém da geração de vocês vai ter que ser. Por que não vocês?

O diálogo aconteceu a 2 horas de distância (em condições normais de temperatura e pressão do trânsito paulistano) da Faria Lima, na região entre Guaianases e Ferraz de Vasconcelos.

Ao final do trajeto fomos rapidamente cercados pelas construções típicas da periferia. São cômodos construídos desordenadamente. Temos a sensação de que só param de pé porque apóiam-se uns aos outros. Sem dúvida, parece que estivemos (o Estado, eu e você) longe por muito tempo dessa realidade, e agora queremos “tirar o atraso” (o trajeto até lá, devo admitir, é mais estruturado e policiado do que eu imaginava, em largas avenidas abertas recentemente)

Um desses aglomerados de cômodos é o Lar Criança Feliz, presidido pela Dona Josefa, coordenado por Silvia, Cacilda e Marcia e com os educadores Angelica, Débora, Islaine e Michele todos voluntários moradores da região. Uma “casa” de 3 andares que recebe, alimenta e educa 60 crianças entre 6 e 15 anos escolhidas da comunidade ao redor, desde que estejam estudando, para passar o período da manhã ou da tarde. Normalmente são de lares desestruturados. A alternativa seria as ruas.

Era a inauguração de uma parceria do Minha Vida com o Agente Cidadão (ONG que já ajuda a instituição a alguns anos).
Doaremos parte da receita da empresa com a venda de programas nutricionais para até 5 instituições até o fim do ano. Uma adaptação do conceito de débitos e créditos do carbono para as calorias e por isso chamado de Sustentabilidade Nutricional.
O projeto não só envolve doar alimentos (um pouco paternalista demais) como ensinar os educadores a ensinar as crianças sobre a importância de comerem de forma balanceada.

É sem dúvida, tocante ver crianças com sorrisos tão poderosos como o do meu filho que não terão as mesmas oportunidades na vida (deu vontade de levar alguns para casa).

Não. Estou convencido de que este não é o caminho (o paternalismo). Pode até ser o mais fácil e pode trazer algum alívio de consciência, mas não é capaz de transformar “ganhadores de peixe” em pescadores, fazedores e cidadãos conscientes.

A revista Veja da semana passada traz matéria de capa sobre Auto-Estima. A reportagem traz um estudo da ISMA-BR que constatou que os brasileiros possuem auto-estima baixa em comparação aos americanos e franceses. 59% contra 22% e 27%. Em paradoxo, 67% dos pesquisados disseram ser otimistas, contra 54% dos americanos e 49% dos franceses. É como dizer assim: Sim, nós vamos melhorar, mas não por minha causa (ó dia ó céus...)

A indústria da auto- ajuda (sou um consumidor contumaz) é unânime em descrever histórias de pessoas que contra tudo e contra todos construíram jornadas de sucesso. Na onda de IPO’s tupinikins, chama atenção a história de Marcos Antonio Molina dos Santos que iniciou a Marfrig aos 16 anos em 1986 como primeiro negócio, e abriu capital em 28 de junho último. A empresa é o quarto maior produtor de carne bovina do mundo com negócios na Argentina, Chile e Uruguai.

Será o ambiente determinante? Ou, é o que vêm de dentro, a capacidade de se auto-motivar e a auto-estima que fazem toda a diferença? Haja auto-estima para os jovens que vivem entre os labirintos da periferia e a longínqua realidade das novelas da TV. Pior ainda para os que são “perna de pau” ou, para os que não gostam de música que são as histórias de sucesso mais próximas e conhecidas de mobilidade social. A imensa maioria.

Toda vez que se discute segurança “neste paízz” a questão da educação surge com a principal entre outras. E junto o desânimo. Uma solução de longo prazo para um problema de curto. E eu concordo que é a principal, mas sobre outro enfoque, o da motivação. Não haverá sistema prisional, policial e judiciário suficiente (são muito necessários sem dúvida) se não trabalharmos a questão da motivação de vida (um dos principais ingredientes da auto-estima segundo os especialistas) de quem segura a arma do outro lado. Será que é impossível pensar em uma solução de modelo de educação (e formação de valores) de curto prazo?

Será que o modelo tradicional de educação é capaz de competir com a imagem de um jogador de futebol ganhando milhões de euros na Europa? Será que o modelo tradicional de educação é capaz de competir com os cantores de Rapp ou com as duplas sertanejas? Ou pior, será que o modelo tradicional de educação é capaz de competir com um traficante posando sem camisa com uma metralhadora Uzzi em punho cercado de meninas em um baile funk?

Não. Não é capaz. E, assim como a igreja católica tradicional “perdeu mercado” para as igrejas alternativas por falta de sintonia com a realidade de seus fiéis, o modelo tradicional de educação perde mercado para o culto a não educação. Até nosso presidente orgulha-se de ter chegado lá sem estudar.

Um modelo de educação eficaz tem que ser capaz de cuidar da auto-estima, inspirar, formar e motivar nossas crianças a encontrar seus próprios caminhos, a andar com as próprias pernas o mais cedo possível.

Não estou aqui incentivando o trabalho infantil (mas a auto-estima prematura), mas as escolas de futebol recrutam jogadores cada vez mais cedo, cantores fazem sucesso cada vez mais jovens, a Formula 1 têm os campeões mais jovens da história (Luiz Hamilton tem contrato vitalício com a MacLaren desde os 11 anos), e infelizmente o tráfico de drogas também têm discípulos que perdem a vida cada vez mais jovens.

Então temos cada vez mais cedo Ronaldinhos frustrados, filhos de Francisco frustrados e (graças a Deus) traficantes frustrados.

Faltam pontes (que insistimos em colocá-las nos lugares errados via Senadores corruptos) que liguem o estudo básico aos heróis da vida real. O Marcos da Marfrig (um legítimo valorizador de novilhos), o Nenê Constatino da Gol, o Seu Gervásio da padaria da esquina. Pessoas motivadas, apaixonadas e comprometidas com seus projetos de vida desde muito cedo.

Outro ingrediente, unânime entre os especialistas, para a boa auto-estima é a coleção de realizações positivas. Neste caso transparência e relação causa/efeito pode ser muito útil.

Está muito claro na sabedoria popular: Se jogar bem futebol (for um craque) ganho milhões, se cantar bem faço shows e ganho milhões, se me juntar o crime posso ganhar dinheiro agora. E se for bom em matemática? Se estudar história? E se eu tirar dez na prova de geografia?

Há espaço para quantos Ronaldos e Robinhos? Para quantos cantores bem sucedidos? Presídios para quantos bandidos? Haverá sempre muito espaço para empreender e reinventar as cadeias de valor.

Do outro lado, o mercado de trabalho carece de bons profissionais. No Minha Vida estamos fazendo um projeto para contratar profissionais de programação de software no segundo ano de faculdade porque os do terceiro já estão contratados. Empresas de produção de software estão recrutando profissionais em cursos de inglês já que é mais fácil ensinar programação do que o inverso. Cursos profissionalizantes são sim um caminho viável e necessário.

As novas tecnologias e a Internet são o cenário perfeito para promover o link entre, por exemplo a matemática e os algoritmos de Sergey Brin e Larry Page, fundadores do Google de quem aliás, a universidade de Stanford, principal incubadora do projeto, continua sócia. Exemplo de sucesso de ponte entre o ambiente acadêmico e o empresarial.

Recentemente fiquei chocado ao ouvir de uma mãe que em uma tarefa de pesquisa da escola a professora tinha proibido usar o Google. É como pedir para mandar uma carta pelo correio em vez de usar o email.


Viver é explorar as possibilidades do nosso tempo. E essas possibilidades vão cada vez nos surpreender mais. Elas são necessárias para acomodar 11 bilhões de pessoas na Terra em 2100 (segundo a ONU). São também oportunidade para novos negócios ou surgimento e reinvenção de novas indústrias. Os projetos que envolvem colaboração em massa entre países, culturas e empresas serão cada vez mais constantes nas sociedades cada vez mais abertas (e as fechadas ficarão cada vez mais isoladas, enquanto conseguirem ficar fechadas).

O Omni, um projeto que usa as redes sociais tipo Orkut para conectar pessoas que estão aprendendo uma nova língua foi o vencedor de um concurso promovido recentemente pela Microsoft de Bill Gates. Um exemplo de como essas comunidades colaborativas que hoje ainda têm um cunho exibicionista no Brasil (líder mundial disparado) podem transformar-se no futuro.

Os princípios básicos da educação devem ser a leitura (somos péssimos leitores), a escrita (digitação o quanto antes), o inglês (pela noção de diversidade cultural além da língua em si) e a inclusão digital que traz o raciocínio lógico e a matemática implícitos (com interfaces cada vez mais intuitivas, vide iPhone). Neste caso o projeto do computador popular de U$ 100,00 do Nicholas Negroponte é uma iniciativa poderosa e necessária. Essas são as ferramentas para as realizações mais rápidas do cidadão bem resolvido do futuro e deveriam ser entregues o mais prematuramente possível aos nossos pescadores do futuro.

Deixem-nos pesquisar sobre a vida de Dom Pedro I quando decidir tornar-se político ou navegar pelo mundo pelo Google Earth quando jogar vídeo game em rede com um competidor Chinês para entender onde fica a China.

Um sistema de educação eficiente, gerador de auto-estima deve valorizar a motivação e decisão em contraste a imposição.


Quanto mais rápido é um aprendizado motivado versus um aprendizado descontextualizado?

Lembra do filme Matrix? O Neo só recebia os conhecimentos via um programa de aprendizado diretamente no cérebro imediatamente antes de utilizá-los. Chegaremos lá? Será que já não estamos muito próximos?

Meu sonho é ser capaz de fazer a diferença para que aquelas mesmas crianças daqui a 15 anos, então cidadãos, colaborem para reinventar e adaptar as indústrias da construção, da metalurgia e o sistema jurídico brasileiro a realidade dos novos tempos. E por que não? Colaborem para criar uma nova classe política sintonizada mais com a realidade das comunidades (carentes ou não) do que com a realidade de suas boiadas.