segunda-feira, 22 de outubro de 2007

Economia Espiritual


Somos maestros de nossa existência.

É uma das melhores metáforas que encontrei sobre a vida. Ela está no livro de Stephen Covey, Os Sete Hábitos Das Pessoas Muito Eficazes.O autor compara nossa jornada ao ato de reger uma orquestra. A orquestra da música da nossa vida.

Cada instrumento equivale a um papel que desempenhamos como pai, filho, avô, namorado (sempre, mesmo casado), amigo, inimigo (o momento de encarar quem torce contra), executivo/empreendedor (o momento do instinto caçador de abastecer o ninho), você com você mesmo (o momento do espelho, do espírito e da alma) e o cidadão (o momento de reclamar que nada funciona neste país, ou que o mundo vai acabar, ou não). A melodia será tão perfeita quanto nossa capacidade de desenvolver o máximo de instrumentos constantemente.

Nossa música estará desafinada (a vida em desequilíbrio) quando misturamos sons, criando ruídos. Se, ao perder um emprego ou sofrer um revés nos negócios tivermos um surto de raiva com nossos filhos, ou se uma desilusão amorosa representar um mergulho insano no trabalho. O som agudo não pode substituir o grave. Cada um tem sua natureza própria e complementam-se.

Uma dos sintomas mais comuns de desequilíbrio é o consumismo. É notório o estudo mercadológico da indústria automotiva que sugere que a compra de um carro conversível vermelho (nem sempre conversível e nem sempre vermelho) pode estar ligado a desejos sexuais mal resolvidos.

Quantas vezes você já não ouviu mulheres dizerem abertamente que iriam as compras para aliviar suas carências (nem sempre sexuais)?

Quantas vezes você comprou um presente para sua esposa, filho, sobrinho ou neto porque se achava em falta (de atenção ou carinho) com eles?

O Indiano Amit Goswami, em recente visita ao Brasil, defende que a principal causa das guerras e conflitos são os desequilíbrios econômicos, gerados principalmente pela inflação de demanda.

O próprio Alan Greespan em seu livro reforça a tese, definindo sua principal missão como evitar crises econômicas profundas causadoras das grandes guerras. Ele compara o papel dos bancos centrais, reguladores das torneiras dos juros, com o de um anfitrião que para de servir bebidas no melhor da festa, numa alusão de que as pessoas tendem aos excessos com as facilidades do crédito em ciclos de prosperidade econômica.

Amit estabelece um paradoxo entre a escassez de recursos naturais, insuficientes para o planeta se todos os 6.5 bilhões de habitantes tivessem o padrão de consumo médio dos EUA, e a abundância infinita de recursos como amor, carinho e atenção.

Ele sugere o consumo responsável aliado à alimentação adequada de nossas carências (afinação de nossos instrumentos) como forma de equilibrar nossa existência.