quarta-feira, 18 de julho de 2007

Perdi dois amigos para a incompetência

O acidente da TAM foi realmente chocante. O Airbus 320, com capacidade para 162 passageiros, praticamente lotado, chocou-se contra o prédio da empresa, aparentemente em tentativa de manobra de arremeter a aeronave. O choque aconteceu a cerca de 180 KM/h.
Estima-se mais de 250 mortos entre passageiros, tripulantes e pessoas em terra no maior acidente aéreo da história do país (como gosta de alardear a mídia)

A causa mais provável foi a falta de aderência necessária da pista para redução de velocidade do avião. A chuva e a falta de ranhuras no piso, recomendação técnica dos manuais de aviação internacional, já tinham sido a causa de uma aeronave desgovernada pouco mais de 24 horas antes.

O aeroporto foi aberto a 19 dias e a “pressa em faturar nas férias” (segundo depoimento no Estado) antecipou a entrega das obras sem a finalização técnica no piso. Afinal não estamos em época de chuvas.

Chama atenção o depoimento de um comandante (anônimo é claro) dizendo que, apesar do receio dos pilotos em aterrissar em Congonhas, eles o fazem senão perderão o emprego.

Uma tragédia anunciada segundo os jornais.

Duas destas pessoas eram próximas. Irmãos, um deles acabava de fazer 40 anos. Deixaram juntos 5 filhos. Eram sócios e viviam ótimo momento profissional na onda da euforia do mercado automotivo e planejavam abertura de capital da empresa.

Imagino que deva existir outras 250 histórias tão comoventes. Mas, por estar tão próximo (tínhamos a mesma idade e trajetórias parecidas) o impacto é diferente. Podia ser eu ou você viajando a trabalho. Tão comum.

Sim. A incompetência, a corrupção, o descaso, o individualismo, o corporativismo político mata.

Além de fazer pontes que ligam nada a lugar nenhum, desafiar a nossa inteligência, a incompetência inaugura uma nova dimensão. Ela mata.

Além de matar nosso potencial de crescimento como nação, a incompetência agora mata gente (a gente) via infra-estrutura oca.

E aí?

Eu, você, todo mundo estuda, trabalha, cria, empreende para que?

Para criar ambientes de excelência e competência para nós e nossos filhos?

Que tal começarmos a tomar as rédias e levar essa excelência para o poder público?

Vamos fazer alguma diferença para aquelas 5 crianças que ficaram e para as nossas ou vamos ficar sentados, revoltados, reclamando....?