quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Quem Decide Sobre Minha Vida?


Artigo publicado hoje na Gazeta Mercantil


Medicina não é uma ciência exata.

Com 25 anos de idade rompi os ligamentos do ombro direito ao cair esquiando na neve. O grupo em que viajava tinha uma ortopedista famosa. Ela examinou o Raio-X e recomendou procedimento cirúrgico o mais rápido possível. Após o procedimento haveria um atrofiamento natural da musculatura do local e a recuperação completa se daria em até 6 meses.

De volta a São Paulo, procurei uma segunda opinião médica. O médico analisou o caso e sugeriu somente imobilização. O braço seria enfaixado próximo ao peito de forma a recolocá-lo no lugar. O curativo era trocado a cada dois dias. Ao final de 20 dias eu já voltava a nadar.

Qual dos dois médicos estava certo?

Ambos.

Cada um sugeriu um procedimento distinto de tratamento, aceito, recomendado, e chancelado pela comunidade médica internacional.

Em qualquer especialidade médica sempre haverá caminhos distintos de procedimentos e tratamentos médicos, sem contar a medicina alternativa, é claro. A decisão será sempre do paciente, ou de um parente mais próximo no caso da incapacidade do mesmo em fazê-lo.

Para tomar a decisão correta, as pessoas precisam de informação. Quanto mais melhor.

São 3 as dimensões destas informações, além da visita ao médico.

A primeira é a referência de outras pessoas que passaram por situações parecidas. Além da referência, saber que não somos os únicos a “sofrer” de algo é muito confortante e pode ser decisivo. Nossa mente, segundo a grande maioria dos especialistas, será sempre nosso maior aliado na cura, seja ela qual for.

A segunda dimensão é a leitura de artigos com opiniões de especialistas. E neste caso fica clara a necessidade do teor menos técnico que estes conteúdos devam ter.

A terceira dimensão é a interação com especialistas. Está cada vez mais claro e legítimo a relação de diálogo com especialistas via call centers, sites ou revistas, independente da consulta médica.

Para estas 3 dimensões de informação a Internet é, sem dúvida o ambiente mais eficiente. Turbinados pelas ferramentas da Web 2.0 nunca fomos tão poderosos para interagir, participar, perguntar, responder, colaborar, filmar, assistir, gravar, ouvir, escrever, ler, questionar, refletir, pesquisar, procurar, achar, dividir, corresponder sobre qualquer tema.

Segundo pesquisa realizada pela Pew Internet & American Life Project, nos EUA, 80 % dos americanos, cerca de 113 M de pessoas, buscam informações sobre saúde na Web.

Mais da metade deste grupo reportou que as últimas informações buscadas impactaram na forma de encarar e cuidar da sua saúde, ou de pessoas próximas. 56% dos entrevistados declararam ainda sentir-se confiantes em levantar novas questões com seus médicos.

Se tivesse que definir Vida em poucas palavras, escolheria que Viver é explorar as possibilidades do nosso tempo. Nunca, na história, tivemos tantas possibilidades tecnológicas disponíveis para maximizar interações e colaborações entre muitos. Muitas cadeias de valor já estão se transformando e na área da saúde não deve ser diferente.

As transformações vêm da ponta da cadeia ou do consumidor final como eu e você (empowerment como gostam os americanos).

Quem decide sobre a Minha Vida?