quinta-feira, 8 de novembro de 2007

Quem tem Razão


Quem tem razão ?
Um bom amigo estava desolado. Reclamava que não conseguia mais ter razão. Na empresa com o chefe, em casa com a mulher, que com a filha pequena parecia ter mais razão do que nunca.
Planejávamos um novo negócio.
Um ambiente em que as pessoas teriam sempre razão. Casulos distribuídos estrategicamente pela cidade em aeroportos, bares, salas de espera de médicos concorridos ou em táxis.
Neste ambiente em 3D uma voz sensual daria razão para o que quer que você dissesse e uma platéia virtual com pessoas escolhidas por você (sua mulher e seu chefe na primeira fila ), ouviriam suas idéias, considerações ou reclamações atentamente e você sempre, sempre, teria razão, aplaudido e ovacionado. Um espécie de Brasília ou uma espécie de comício do Lula.

O serviço seria enriquecido com o “sparring on line”. Um call center com atendentes dispostos a ouvir todo o tipo de desaforo e desabafo, porque claro, você sempre teria razão. Seria o “your reason never second ... life”.

Mas o final do nosso encontro trouxe uma pergunta. (Por que será que as perguntas são sempre mais legais que as respostas?)Por que ter razão? Quanto tempo e energia perdemos em nosso dia a dia querendo defender nossos pontos de vista, nossas idéias, esperando que as pessoas do outro lado concordem com a gente?

Não. O mais legal é não concordar. O mais legal é a diversidade porque todos os conceitos estão em movimento sempre. Nenhuma razão ou verdade é definitiva ou estática.
Na política, o comunismo achou que tinha razão antes da queda do muro de Berlin e o capitalismo cheio de razão, parece ter que ser capaz de socializar riquezas para progredir. Na geografia a Terra já foi plana um dia. Na ciência até ontem o genoma era “imapeável”.
A vitória hoje vem do bom senso, do senso comum, do que está dando certo para o maior número de pessoas possível naquele momento.
Como num coral de vozes, o melhor som é o do conjunto e nenhuma voz pode destoar. Talvez a democracia ideal.
Comunidades colaborativas pipocam hoje pelo mundo 2.0 como forma de integrar inteligências distantes, distintas e complementares que tenham como objetivo um resultado final melhor e maior do que a soma das habilidades individuais. A Wikipedia, o Linux ou as redes sociais em abundância na Internet.
As grandes empresas já descobriram isto e começam a abrir seus bankers fechados a sete chaves por anos como forma de afastar as forças ocultas do mercado e concorrentes. Idéias em desenvolvimento constante por um grupo heterogêneo com consumidores, fornecedores, colaboradores, especialistas parece gerar um processo com mais valor que um produto entrincheirado.
A Procter and Gamble definiu como objetivo ter em 2010, pelo menos 50% das idéias de novos produtos oriundas de fora da companhia.
Os verdadeiros líderes estarão mais para os que sugerem músicas (objetivos comuns) que reúnam o maior número de vozes ou para os que gritam abafando outras vozes ?