Escrito por Vicky Bloch (Vicky Bloch Associados) para o Valor Econômico em 28/05
Levamos quase 40 anos, desde que os primeiros executivos e empresários se mostraram preocupados com o desenvolvimento sustentável e criaram o Clube de Roma, em 1970, para que a idéia finalmente emplacasse nos negócios. Mais de um século antes deste acontecimento, a famosa carta do chefe indígena Seattle ao presidente dos Estados Unidos já alertava o "homem branco" para o perigo e contradição de destruir a Terra em nome da evolução da espécie.
Em 1987, a Comissão Mundial sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento publicou um documento intitulado "Nosso Futuro Comum", também conhecido como relatório Brundtland, segundo o qual desenvolvimento sustentável é aquele que "satisfaz as necessidades presentes sem comprometer a capacidade das gerações futuras de suprir suas próprias necessidades".
Um ano depois, o líder seringueiro Chico Mendes, reconhecido internacionalmente por sua luta contra as ações predatórias na Amazônia, era assassinado. E só agora o ser humano reconhece ter chegado ao limite da irresponsabilidade ambiental.
A pergunta agora é: precisaremos ir tão longe para aprender que a perpetuação do planeta e das empresas depende, antes de tudo, de relações sustentáveis entre as pessoas?
Prover o melhor para os indivíduos, assim como para o ambiente, é praticar a sustentabilidade no seu sentido mais amplo. Qualquer empreendimento humano, seja um negócio, um clube ou uma família, só será perene se for socialmente justo e culturalmente aceito.
A escassez dos recursos naturais, as doenças endêmicas, as crises econômicas, a queda na qualidade de vida, o estresse, os distúrbios familiares são reflexos daquilo que não cuidamos até aqui e que afetam a vida das pessoas no curto, médio e longo prazos.
Numa empresa, como podemos identificar uma liderança sustentável? É aquela que atrai e retém talentos com base em relações harmônicas. São estas que garantem o compromisso com os resultados e o orgulho de cada indivíduo de pertencer à organização.
Uma equipe de sucesso, segundo definição publicada recentemente pela revista "The Economist", é formada por profissionais que reúnem competências para resolver problemas inéditos ou inventar soluções. Nunca é demais repetir o mantra, tão recitado e "esquecido" quanto foi até agora a questão ambiental: são as pessoas que fazem a diferença.
Qual será o próximo desafio para o crescimento sustentável? A conscientização das organizações de que a guerra por talentos está aberta e de que estes valiosos profissionais se conectarão mais facilmente às empresas quando perceberem nelas um investimento genuíno no longo prazo e nos relacionamentos pessoais.
Esses jovens buscam negócios com os quais possam compartilhar sua visão de mundo e seus valores de vida. Um ambiente ideal em que possam desenvolver suas carreiras de forma sustentável. Querem novos desafios e aprendizados a cada projeto.
Como atrair e reter estes talentos? O líder precisa lhes proporcionar um significado para o trabalho, uma causa que queiram seguir. Além disso, premiar justamente pelos resultados obtidos e entender que o exercício do feedback não é só um instrumento de gestão, mas um fator importante para a evolução dos indivíduos e da organização.
Em resumo, o gestor deve manter uma relação sustentável com a empresa e com as equipes. Estas, em geral, querem ter orgulho de suas lideranças. Para tanto, é preciso estar atento ao velho princípio de que discurso e prática não podem ser diferentes.
Saber acolher os erros e redirecionar os profissionais para atividades produtivas também é uma competência valiosa para os líderes.
E você, acha que tem desempenhado bem esse papel, de maneira consciente? Está satisfeito com o seu modo de liderar? Sempre é tempo para refletir e agir.