quinta-feira, 31 de maio de 2007

Mobilização


Uma bela manhã de maio no hemisfério sul.
A luz do sol nesta época do ano reflete com mais intensidade e “fotografa” o mundo como nunca. Há um brilho mágico nas coisas.
Uma praia deserta. A areia branca e fofa envolve cada passo exigindo convicção ao andar. Um homem caminha envolto em seus pensamentos. São quase 70 anos de vida.
Durante sua jornada, muitos sonhos e convicções ficaram pelo caminho. É comum pensa ele. Quantos da sua geração lutaram por suas convicções? Quantos fizeram a diferença no mundo? Não. Ele não se arrepende. Ele protegeu sua família, seus filhos.
Faltou a energia necessária? Faltou tempo? Ele esteve tão preocupado com seu dia a dia que se esqueceu de perguntar se a trajetória da sua vida o levava para onde realmente queria?
Toda vez que buscou fazer alguma coisa diferente, pensou ele, alguém ou alguma coisa o impediu. A carga tributária, o governo corrupto, as forças ocultas, a violência, a desconfiança. Não. Ele não se arrepende. O mundo é difícil. A vida é dura. Ele fez tudo que era possível. Talvez os sonhos e convicções de jovem foram reflexos de sua ingenuidade.

Enquanto ele caminhava, percebeu um vulto do outro lado da praia. O vulto abaixava-se pegava algo na areia e jogava no mar. Ao aproximar-se percebeu que era um garoto, de seus vinte e poucos anos que lançava estrelas do mar de volta ao oceano. Não havia ninguém num raio de 1 Km. Ele dirigiu-se ao garoto e perguntou o que fazia.

A maré baixou, explicou o garoto, e o sol está esquentando. Estas estrelas não vão sobreviver nestas condições.

O homem deu um sorriso: Ora meu jovem, são milhares de estrelas, você acha que pode fazer alguma diferença?

O jovem sorriu de volta, abaixou, pegou mais um espécime e, ao atirá-lo de volta ao mar, respondeu ao homem: Para esta fez.