A Wikipedia define Interfaces como componentes individuais que não funcionam isoladamente. Regras de um componente podem depender ou afetar regras de outros componentes. Ou ainda, uma superfície que dividi fases, sistemas. Uma espécie de tradutor de linguagens (não línguas) e sistemas.
Interfaces são úteis para nosso dia a dia já que potencializam nossa capacidade de ver e “resolver” o mundo através dos sentidos. Elas simplificam e amplificam nossa capacidade de relacionamento com a tecnologia ou sistemas complexos e até temas complexos.
As grandes invenções da humanidade são interfaces. Os meios de transporte são fascinantes. Quanto mais amigável simples e intuitivo, melhor a nossa experiência de mobilidade. Um carro, como um prolongamento das nossas capacidades motoras no faz ir a mais de 300 Km/h. A interface Porsche nos faz até sentir mais bonitos.
Os filmes podem ser interfaces para temas complexos.
Você sabia que o filme Matrix, (eu assisti umas 138 vezes) aborda o universo filosófico, metafísico, epistemológico, ético, e estético? O filme aborda ainda filosofia da mente, filosofia da religião e filosofia política. Além disso, traz simbologias religiosas, teístas, ateístas, gnósticas e agnósticas (entendeu?). Estão presentes nele , Sócrates, Platão, Aristóteles, São Tomás de Aquino, Descartes, Kant, Nietzsche, Sartre, Sellars.
São temas e conceitos densos, normalmente restritos ao universo acadêmico ou que leva algum tempo para digerir (Inspirado pelo filme, comprei uns 20 livros sobre os temas e não consegui passar da 3ª página de nenhum).
Os irmãos Wachowski (criadores do filme) conseguiram fazer-nos conectar com praticamente todo o universo filosófico que procura entender a nossa existência, desde os primórdios em uma interface amigável, simples e intuitiva de pouco mais de 2 horas.
Impossível sair do cinema sem reflexões e questionamentos sobre nossa existência, justamente o objetivo das religiões, filosofias e pensadores citados.
Mas, as interfaces mais fascinantes do Homem moderno são as computacionais, abordadas no Matrix.
Eu lembro a primeira vez que tive contato com um computador. Faz 20 anos. Meu avô, médico diretor do Hospital das Clínicas tinha se aposentado e resolveu aprender a usar computadores pessoais. A programação ainda era em DOS. Se você quisesse entrar na grande revolução dos computadores pessoais tinha que ter uma noção mínima de programação, fazer cursos.
Em 1983 Bill Gates inventou o Windows. A primeira interface amigável, simples e intuitiva de relacionamento com os códigos binários. Não são necessários cursos para usar o Windows.
24 anos e o maior bilionário da história depois, a Microsoft está ameaçada por uma interface mais amigável, simples e intuitiva, o Google.
As interfaces computacionais são uma gigantesca teia onde cada vez menos percebemos onde começam e onde terminam os sistemas. Nosso laptop (que daqui á pouco estará distribuído pelo nosso corpo e sentidos com comandos de voz e até janelas em nossas retinas) gera interface com softwares (O Netscape foi a primeira interface da Web) que conversa com outros softwares e assim por diante em uma gigantesca teia.
Ao cenário do impossível e do impensável? A um cenário de colaboração em massa?
A um cenário de transparência e interdependência? A um cenário onde o coletivo será muito mais forte que o individual? Mas coletivamente, não somos inteligentes e do bem?
Será a Web 2.0 a interface da consciência coletiva?
As palavras mais digitadas no Google no Brasil em Fevereiro último foram :
Tradutor, carros, desenhos, flores, carnaval, filmes, mensagens, dicionário
mapas, receitas, cachorros, sonhos, loteria, skate, fontes.
No Yahoo News em 2006 foram: Steve Irwin death, Anna Nicole's son dies, Iraq, Israel and Lebanon, U.S. elections, Fidel Castro stroke, North Korea nuke, JonBenet confession, Saddam Hussein trial, Danish cartoon
Apesar de significar 3% do total das buscas já que a Web é um ambiente de nicho e não de massa, serão um ensaio dos primeiros indicadores da consciência coletiva?