sexta-feira, 29 de junho de 2007

Rally Sustentável



Pratico Rally de moto desde a primeira edição dos Sertões em 1993. É uma grande paixão.

O esporte da oportunidade de conhecer lugares incríveis desde o interior do Brasil, Patagônia, Atacama ao Marrocos (de onde não passei no último Rally Dakar).

Estimula capacidades físicas (força e rigidez muscular), mentais (exige concentração e foco por várias horas seguidas), sensoriais (sintonia com o terreno desconhecido e muito heterogêneo a frente é fundamental), interpessoais (relacionamento com a equipe e outros competidores que, em alguns momentos podem te ajudar a sair de lugares que sozinho não conseguiria) e, por que não? espirituais (ficar sozinho consigo mesmo durante 20 dias 10 a 15 horas sobre uma motocicleta leva o seu espírito a lugares nunca navegados)

Mas, uma nova capacidade será estimulada no próximo Rally dos Sertões. A de levantar uma bandeira de responsabilidade social e de sustentabilidade.

Competiremos (eu e o Fabricio Bianchini) pela primeira vez, a maior prova Off Road da América Latina com motos movidas 100% a álcool.

Segundo estudo recente de pesquisadores suíços, publicado no jornal Environmental Science & Technology, uma única moto emite mais poluentes do que um veículo utilitário esportivo grande. Elas emitem 16 vezes mais hidrocarbonetos, três vezes mais monóxido de carbono e uma quantidade "desproporcionalmente alta" de outros poluentes do ar, quando comparadas com os carros de passageiros.

Com uma frota atual de 8 milhões contra 22 milhões de veículos podemos inferir que o volume de hidrocarbonetos lançados na atmosfera pelas motos em circulação é cerca de 6 vezes maior !!!

Não me surpreenderia se esta conta dobrasse ao adicionarmos a equação os cerca de 15% de motores flex da frota de carros e as condições precárias de manutenção e fiscalização da frota de duas rodas.

Segundo Roberto Stein, executivo da Delphi, o motor de uma moto transformado para rodar 100% a álcool consome 20% a mais que a gasolina enquanto nos carros esta relação é de 30%. Desta forma, a economia para os motociclistas é maior que a dos motoristas. Na ponta do lápis, a economia pode chegar a R$ 5,40 por dia ou R$ 100,00 por mês, valor suficiente para pagar a prestação de uma moto. Argumento deveras convincente para a turma das duas rodas que sobrevive dos malabarismos diários no trânsito dos grande centros.

A transformação é muito barata (exige principalmente alteração de regulagens como ponto de ignição e carburação e poucas peças como a vela) numa situação rara em que todo mundo sai ganhando e o meio ambiente agradece (os olhos e pulmões da Stella também).

“Com a queima do combustível de origem orgânica, como álcool e biodiesel, devolvemos à atmosfera o que foi retirado da própria natureza. Consumir combustível fóssil (petróleo e gás) é queimar carbono que já estava imobilizado na natureza, o que significa uma quantidade extra de monóxido na atmosfera, provocando desequilíbrio no meio ambiente (efeito estufa, chuva ácida)”, explica o engenheiro agrônomo Francisco Lange Júnior, sócio da Liga Ambiental.


Nossa empreitada foi incentivada e é patrocinada pela Infinity Bio Energy.
A Cia. têm como principal estratégia gerar eficiência na cadeia da indústria sucroalcoleira. Com processos modernos e sustentáveis, como a não queima de lavouras, a iniciativa de pouco menos de um de existência demonstra que é possível e necessário repensar e reinventar as cadeias de negócios.

Tenho a firme convicção de que nos últimos anos houve mais invenções tecnológicas do que nossa capacidade de empreendê-las. Talvez elas sejam necessárias para nos prepararmos par o mundo sustentável.

Uma questão “tostinesca” : O mundo está prestes a assistir um salto de produtividade e eficiência porque criou as ferramentas para tanto ou porque é necessário para continuarmos existindo?