quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Stella Fez Cinco Meses

.... E sorriu para mim....

quarta-feira, 29 de agosto de 2007

Quem Decide Sobre Minha Vida?


Artigo publicado hoje na Gazeta Mercantil


Medicina não é uma ciência exata.

Com 25 anos de idade rompi os ligamentos do ombro direito ao cair esquiando na neve. O grupo em que viajava tinha uma ortopedista famosa. Ela examinou o Raio-X e recomendou procedimento cirúrgico o mais rápido possível. Após o procedimento haveria um atrofiamento natural da musculatura do local e a recuperação completa se daria em até 6 meses.

De volta a São Paulo, procurei uma segunda opinião médica. O médico analisou o caso e sugeriu somente imobilização. O braço seria enfaixado próximo ao peito de forma a recolocá-lo no lugar. O curativo era trocado a cada dois dias. Ao final de 20 dias eu já voltava a nadar.

Qual dos dois médicos estava certo?

Ambos.

Cada um sugeriu um procedimento distinto de tratamento, aceito, recomendado, e chancelado pela comunidade médica internacional.

Em qualquer especialidade médica sempre haverá caminhos distintos de procedimentos e tratamentos médicos, sem contar a medicina alternativa, é claro. A decisão será sempre do paciente, ou de um parente mais próximo no caso da incapacidade do mesmo em fazê-lo.

Para tomar a decisão correta, as pessoas precisam de informação. Quanto mais melhor.

São 3 as dimensões destas informações, além da visita ao médico.

A primeira é a referência de outras pessoas que passaram por situações parecidas. Além da referência, saber que não somos os únicos a “sofrer” de algo é muito confortante e pode ser decisivo. Nossa mente, segundo a grande maioria dos especialistas, será sempre nosso maior aliado na cura, seja ela qual for.

A segunda dimensão é a leitura de artigos com opiniões de especialistas. E neste caso fica clara a necessidade do teor menos técnico que estes conteúdos devam ter.

A terceira dimensão é a interação com especialistas. Está cada vez mais claro e legítimo a relação de diálogo com especialistas via call centers, sites ou revistas, independente da consulta médica.

Para estas 3 dimensões de informação a Internet é, sem dúvida o ambiente mais eficiente. Turbinados pelas ferramentas da Web 2.0 nunca fomos tão poderosos para interagir, participar, perguntar, responder, colaborar, filmar, assistir, gravar, ouvir, escrever, ler, questionar, refletir, pesquisar, procurar, achar, dividir, corresponder sobre qualquer tema.

Segundo pesquisa realizada pela Pew Internet & American Life Project, nos EUA, 80 % dos americanos, cerca de 113 M de pessoas, buscam informações sobre saúde na Web.

Mais da metade deste grupo reportou que as últimas informações buscadas impactaram na forma de encarar e cuidar da sua saúde, ou de pessoas próximas. 56% dos entrevistados declararam ainda sentir-se confiantes em levantar novas questões com seus médicos.

Se tivesse que definir Vida em poucas palavras, escolheria que Viver é explorar as possibilidades do nosso tempo. Nunca, na história, tivemos tantas possibilidades tecnológicas disponíveis para maximizar interações e colaborações entre muitos. Muitas cadeias de valor já estão se transformando e na área da saúde não deve ser diferente.

As transformações vêm da ponta da cadeia ou do consumidor final como eu e você (empowerment como gostam os americanos).

Quem decide sobre a Minha Vida?

quinta-feira, 23 de agosto de 2007

O Alfabeto Está Obsoleto


Wikipédia:

“Em um estágio inicial (há 5.500 anos), a escrita era composta por signos pictóricos (descrições de imagens para servir de símbolos) que representavam objetos ou idéias, com um simples valor ideográfico. Por isso, eram necessários tantos signos quantos os objetos e idéias a exprimir. A escrita suméria tinha cerca de 20.000 ideogramas simples e compostos.


Em uma segunda fase, os signos passaram a representar não mais os objetos e as idéias, mas os sons com que tais objetos ou ideias eram nomeados no respectivo idioma. Os signos passaram a ter também um valor fonético, conforme o texto em que surgiam. Surge o alfabeto no século IX a.C..”


O alfabeto popularizou-se em 1450 com a prensa de Gutemberg e depois com a imprensa, a opinião pública e a democracia, se quisermos.


Será que este processo (a popularização do alfabeto) aconteceu no Brasil?

Segundo a professora Maria Elizabeth Bortone, professora da UNB em entrevista ao jornal Correio Braziliense, 75% dos brasileiros não dominam o exercício da leitura. Este número inclui os analfabetos absolutos e os analfabetos funcionais (68%) que têm dificuldade para compreender e interpretar textos.

A revista Veja, maior do país, têm tiragem média de 1,1 milhões de exemplares. Se considerarmos o número de até 3 leitores por revista serão 1,8% da população. Os dezesseis maiores jornais do país somados têm, aos domingos (dia de maior circulação), 2,5 milhões de exemplares ou 1,3% da população.

Será que, como na idade média, ler e escrever é privilégio, hábito ou capacidade de uma elite? (Opa!!! e a opinião pública e a democracia?)

De outro lado, a penetração da TV (e sua linguagem unidirecional de som e imagem) no Brasil está entre as mais altas do mundo. 91% dos lares segundo o IBGE.

Antes de qualquer forma de escrita, os conhecimentos eram transmitidos oralmente. Nas sociedades tribais os mais velhos eram respeitados pela sua capacidade de transmitir conhecimentos e história aos mais jovens.

Sem julgar (bom ou ruim), será que temos (a maioria dos brasileiros) mais intimidade em assistir e ouvir do que ler e escrever? (Será razão da famosa memória curta e um prato cheio para os políticos, oradores natos, que percebem que podem negar verbalmente para muitos o que foi provado literalmente para poucos?)

E, se esta característica, limitação para alguns, for oportunidade para os 190 milhões de brasileiros ? (e para a opinião pública e a democracia legítimas por aqui?)

Neste momento, uma nova linguagem universal está em criação no mundo, mais adequada ao cenário de conectividade mundial, e já mostra ter mais chances de popularização que o alfabeto no cenário tupinikin.

O Google foi quem primeiro explicitou as limitações do alfabeto no ciberespaço. Uma palavra é a representação gráfica de um som, não necessariamente de um significado. Uma palavra pode, e na maioria das vezes tem, significados ou semânticas diferentes. Incapaz de detectar o significado, os milhares de computadores do Google comparam textos e palavras e não significados. Experimente digitar “coração” no buscador.

Há uma corrida mundial para criação de uma linguagem universal de significados (a chamada Web Semântica). Esta nova forma de “escrita” será uma mistura de imagens, sons e símbolos, intuitiva e de fácil aprendizado. Estará mais próxima dos signos pictóricos, ideogramas e símbolos do que do alfabeto como o conhecemos?

A nova linguagem deve representar um retorno a nossa natureza bi-direcional (falar e ouvir, ler e escrever entre muitos, ver e ser visto) e já nasce em estrutura ubíqua (estará em todos os lugares ao mesmo tempo).

Quem desenvolve a nova linguagem?

Os mais de 1 bilhão de usuários de Internet no mundo. O seu filho, sobrinho que não conheceu o mundo sem o ciberespaço (nativos digitais). Pelos frenéticos usuários dos smartphones que checam mensagens entre garfadas nas refeições. Ou os Russos, Chineses e Croatas que, ao se ausentar de uma “mesa” de gamão virtual digitam um símbolo, já considerado universal: “BRB”.(Apesar de vir do inglês Be Right Back, muitos o usam sem saber sua tradução literal)

Enquanto isso no Brasil (onde, em 2007 as vendas de computadores devem superar as de TV)....
Colaboram para criar a nova linguagem universal...

...os cerca de 50 milhões de usuários de Internet (27% da população, segundo o Datafolha, que não lerão textos longos como este até o fim), que navegam mais de 21 horas mensais (líderes mundiais segundo o Ibope).

... os 30 milhões de usuários de Messenger (somos a maior comunidade de usuários do mundo)que usam símbolos, palavras abreviadas e textos muito curtos.

... e os 50% de usuários de Orkut no mundo.

Como os profissionais da moda, que extraem suas coleções a partir dos hábitos e estilos das ruas, nos próximos anos, um novo Bill Gates (por que não brasileiro?) extrairá do ciberespaço uma nova linguagem para homens e máquinas, mais adequada que o alfabeto, ao mundo conectado em banda larga com cada vez mais velocidade de processamento. (Infra melhor que as paredes das cavernas dos sumérios e seus 20.000 símbolos)

Mas, para onde isto tudo vai nos levar?

Às vezes é angustiante a velocidade com que as coisas estão acontecendo. É angustiante ver nossos filhos 14 horas em frente a um computador. É angustiante perceber que aquele pessoa que você abominava ver interrompendo o almoço para checar mensagens agora é você.

Mas, lembra quando você aprendeu a ler? Nenhum texto, faixa ou outdoor passava despercebido. Aos poucos seu cérebro aprendeu a filtrar o que era útil ser lido. O mesmo acontece com o impacto das novas tecnologias e interfaces de hardware e software. Daqui a algum tempo teremos a opção de interromper o almoço ou não para checar mensagens e isto significará liberdade e qualidade de vida.

Há dez anos (no mundo off line ou da conexão discada), quanto tempo você demoraria para pagar uma conta no banco, comprar um livro ou um CD, descobrir se tinha uma multa pendente no seu carro, pesquisar sobre uma viagem dos seus sonhos, ou sobre uma doença?

Acredito que estamos indo para um mundo melhor. Confio em nossa jornada coletiva.


Por mais paradoxal que possa parecer esta jornada de desenvolvimento tecnológico, que às vezes parece frenética, significa um retorno às nossas origens mais humanas, à nossa real natureza.

A nova linguagem universal criará um cenário inédito de comunicação e colaboração entre pessoas independente de línguas ou fronteiras econômicas e sociais. Já se multiplicam comunidades colaborativas na web que são saberes reunidos independente de endereço, posição econômica ou social.

Será este novo cenário fundamental para acomodar nossas gerações futuras, ou mais de 10 bilhões de habitantes na Terra, que já dá sinais de saturação?

segunda-feira, 6 de agosto de 2007

Cidadão Brasileiro 2.0


Já somos 50 milhões de internautas segundo Datafolha/FNazca

Encomendada pela agência de publicidade (FNazca) ao instituto (Datafolha), a pesquisa feita em março último com pessoas de mais de 16 anos ( o que sugere que o número poderia ser ainda maior, se considerada a população até esta idade, na net cada vez mais cedo) mostra ainda que 42% destas pessoas já publicaram conteúdo na rede.

Acrescentamos a estes dados, o crescimento exponencial da penetração da banda larga em escolas, lan houses e bibliotecas (acesso de 22% da população segundo a pesquisa), além de escritórios e residências, com 55% de aumento entre os assinantes de TV paga que têm o serviço agregado (Dados publicados no IT Web)

Continuamos líderes mundiais em tempo navegado com mais de 21 horas mensais a frente da França e Estados Unidos segundo o Ibope Net/Ratings. Instituto aliás que provoca alguma polêmica já que, em sua pesquisa mais recente, de dezembro de 2006, mostra 32 milhões de internautas no Brasil.

Explosão de crescimento ou divergência de metodologias? Vamos ficar com um pouco dos dois.

A esta salada de dados vamos somar o crescimento de 43% no volume de computadores em 2006 em relação a 2005 e a expectativa de que as vendas atinjam 10 milhões de máquinas neste ano segundo a Abinee .

Vale acrescentar também a iniciativa inaugurada esta semana do plano popular de acesso a Web. Segundo o ministro das comunicações Hélio Costa, 3 milhões de pessoas passarão a ter acesso a 10 horas mensais de conexão por R$ 7,50. O plano foi integrado ao programa do governo federal que estimula a venda de computadores a preços populares.

O que todas estas pesquisas, dados e informações mostram?

Que a Web 2.0 está acontecendo no Brasil.

Rotulações de lado, a Web 2.0 significa mais gente navegando em banda larga (mais informação trocada por minuto) por mais tempo, publicando, editando conteúdo e estimulando outras pessoas a fazer o mesmo.

Parece muito próximo o momento em que acessar a Internet no Brasil não será possibilidade e sim opção (na Inglaterra a Internet já desbancou a TV como meio preferido, segundo recente pesquisa).


E o que significa esta opção?

Publicar a ser publicado, ser ativo a ser passivo, fazer sua própria novela (55% do Orkut está no Brasil) do que ver a dos outros, participar e colaborar a ser participado, escolher e editar a realidade a assistir a realidade editada.

Será que o Brasil de amanhã verá pessoas em rede interagindo e colaborando no momento que desejarem, (gerando a inteligência coletiva de Pierre Levy) em substituição aos lares e bares hipnotizados no “horário nobre”.

Sim, esta web nos chama a participar. Esta “nova web” é mobilizadora, democrática e diversa por natureza justamente no momento em que a “inércia, irresponsabilidade, incompetência, negligência, ineficiência, falta de autoridade, indignidade, má gestão, falta de compostura e desumanidade” (Frase de Jarbas Vasconcelos na revista Veja desta semana) assolam a administração pública ”deste país”. Será por acaso?

Um texto polêmico do Arnaldo Jabor, da Dora Kramer, um podcasting do Diogo Mainardi ou um chamado a mobilização circulam pelas nossas telas com velocidade inimaginável para os padrões pré-web ao lado de textos como o de FHC no Estado do último domingo sobre o incontestável carisma de nosso presidente (que perde uma oportunidade histórica ao não transformá-lo em liderança, já que poderia ter as pessoas mais capazes ao seu lado). Expressões legítimas independentes de posição ou oposição política como querem rotular alguns.

Em escala, a net tende a verdade aceita pela maioria.

Os conceitos mentirosos duram minutos na Wikipédia. O Google é capaz de sugerir a grafia certa de uma palavra justamente porque mais pessoas acertam do que erram.

Ao consultar um classificado de veículos on line você é imediatamente beneficiado por uma pessoa que tenha colocado um carro antes caso você o deseje. Um fórum de discussão sobre hipertensão de pessoas com esta característica, pode ser determinante no tratamento eficaz.

Milhares de depoimentos de outras pessoas sobre viagens podem ser tão úteis como o próprio agente de viagem. Os bancos já incluíram em sua cadeia de distribuição de produtos e serviços os seus clientes plugados, fazendo o trabalho de seus funcionários de outrora.

Esta é boa notícia: Em escala somos mais inteligentes e do bem.

Graças a eu e você editando, recomendando, distribuindo, interagindo, estimulando, escrevendo,colaborando, participando. Nunca, individualmente fomos tão poderosos coletivamente.

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que usam as possibilidades do nosso tempo para exigir respeito, exercer responsabilidade, manter-se informado e agir ?

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que, independente de preferências políticas, estimulam e mobilizam seus pares a colaborar e transformar a administração pública em ambiente de excelência e eficiência cada vez mais presente na iniciativa privada? (que já saíram na frente, usando a Web para criar eficiência em suas cadeias de valor)

Estarão nascendo os Cidadãos 2.0 que, independente de preferências políticas, serão capazes de incentivar, fiscalizar e transformar em líderes de verdade os administradores públicos que o serão como meio de trazer excelência e eficiência a máquina pública e não como fim de acomodar a si próprio e aos seus?